quarta-feira, 28 de outubro de 2009

NOIVAS DO CORDEIRO: como compreender o termo “Prostituta”?

As atividades científicas são distintas e não podem ser comparadas ao JORNALISMO. Antropólogos são estudiosos de comportamento e jornalistas são comunicadores. Contudo, a cooperação entre as partes fazem com que assuntos/pauta sejam frutíferos para os editores de redação, do mesmo modo útil para os estudiosos científicos. O Senhor ALLAN CORDS (postado no blog do Thapy, sobre Noivas do Cordeiro) não deveria desmerecer as atividades científicas, especialmente no Brasil, um país infeliz nas suas políticas públicas de ensino e pesquisa. Concorda-se que o jornalismo tem suas várias vertentes, mas a grade curricular dos cientistas sociais é complexa e bastante rica. Em Noiva do Cordeiro durante o período de 2006-2008 havia uma equipe científica na Mobilização Social e Pesquisa etnográfica e muitos dados descobertos ocorreram por orientação desses profissionais fundamentados nos princípios da antropologia. Personagens da história local, tais como - José Augusto Fernandes de Araújo, Francisco Augusto Fernandes, Marinha Senhorinha de Lima e sua mãe Marinha Senhorinha de Lima, dentre outros, foram resgatados de um passado há muito esquecido e não comtemplado pela população no seu cotidiano. Fazer com que a maioria compreendesse a necessidade de tais pesquisas foi algo penoso, mas apaixonante, o que contribuiu para enriquecer a história e costumes dessa subcultura belovalense. Considere-se que foi o que resultou, após a investigação “EX POST FACTO” (historiografia), em inúmeros argumentos e o despertar de uma nova mentalidade para os assuntos pertinentes a eles que desejavam muito "esquecer" os tempos antigos de grande sofrimento.
A primeira reportagem sobre o conflito entre Noiva do Cordeiro e vizinhos, em referência ao termo discriminatório de “prostitutas”, deve-se a orientação neste sentido, inclusive com sugestão de pauta enviada, pelos profissionais do projeto, à redação do Estado de Minas ao Repórter Gustavo Werneck. Todas são contribuições igualmente importantes.
Evidentemente só se pode especular sobre os acontecimentos comentados do passado em Noiva do Cordeiro, mesmo quando nos deparamos com farta documentação forense de muitos processos do passado. É o passado histórico e o suposto desse passado, com extremos de um lado ao outro, que nos permitiu compreender muitos dos acontecimentos conflituosos. Parece razoável que os comportamentos tenham sido sintomáticos, com revelações e implicâncias. Levar-nos-ia muito longe entrar no conjunto de detalhes a respeito. O que emerge e é excitante com relevâncias e considerações, pelo significado da condição anterior desses moradores para a condição atual de - superação (o termo superação deve ser motivo de muitas outras considerações, nos diferentes aspectos e razões semânticas). O fato inegável é que antes de 2006 não havia qualquer postura publicamente tomada por qualquer membro dessa comunidade, ainda que houvesse fatos graves que os tornavam vítimas de uma constrangedora marginalização social. O processo de Mobilização Social envolveu inclusive a discussão sobre o comportamento em relação a uma situação grave, com a perversão de suas imagens públicas. Algumas das oficinas de Filosofia Aplicada foram exatamente para isso elaboradas, com intuitos claros de conscientiza-los para as questões envolvidas.
Claro que as pessoas normalmente fazem muitos comentários maliciosos e piadas sobre atividades sexuais. Olhando sem as lentes róseas do romance cinematográfico e teatral, com certeza o acontecimento é trágico e traumatizante, tanto quanto grotesco. As descrições minuciosas que os profissionais chegaram ouvir são de arrepiar os cabelos e provocar um elevado nível de tensão e suspeita sobre as pessoas do local comentado (muitas vezes, ainda no início foram feitas reuniões entre os ativistas e profissionais do projeto, para qe fossem substituídos aqueles que estavam na comunidade, temerososm, que foi modificado com o tempo). Que seja explícito o quão surpreendente é descobrir que os pensamentos eróticos ou pornográficos sobre essas pessoas continuam um alto nível de imaginação violenta e perversa. Inclusive as postagens em diferentes blogs confirmam isso.
Deve tecer considerações sobre os sentimentos e idéias perversas que muitos nutriam e ainda nutrem sobre a "revoltante" atitude comunitária de romper os grilhões do aprisionamento religiosa para eles. Uma atitude demonizada pela vizinhança religiosa. Nisto ficou realçado a idéia de "prostituição" por toda e qualquer atitude no local, até mesmo o gosto musical. Precisamos saber que o termo pornografia deriva do grego e literalmente significaria “escrever sobre prostitutas”, pois em grego “”porne” é prostituta e “graphos” é escrever. Ele é usado de modo mais genérico como “escritos ou gravuras obscenas”. Trata-se de uma expressão que não tem qualquer história semântica reconhecida , mas compreende-se que é referente a um coisa que ofende a modéstia ou decência. As circunstâncias amadoras com que foram realizados os desfiles certamente reforçaram as idéias indecentes que as pessoas nutriam sobre as moças e todos os moradores locais. Não é possível ignorar o poder que emana do sexo feminino sobre as imaginações especialmente masculinas. Seus corpos e peças íntimas mostrados pública ou intimamente, são ícones de sexualidade. Temos de reforçar que o conceito de decência por outro lado é definido por “adequado respeito ao pudor”, ou ainda “em conformidade com o padrão de bom gosto”. Um tanto cruel se for entendido ao pé da letra, pois poderia significar que as pessoas feias tem aparências pornográficas. Existem muitos véus na linguagem que influenciam sobre os comportamentos e costumes. Neste contexto de compreensão social, nenhuma “mentira social” poderia romper as barreiras desse entendimento de que a população, em geral, viu o comportamento dessas pessoas como algo obsceno e ofensivo ao pudor, portanto, não era ou é recomendável para os padrões regionais, uma vez que estavam/estam os moradores de Noiva do Cordeiro provocando pensamentos luxuriosos.
Alguns atos são considerados normais e simples enquanto para outros grupos de pessoas podem conter muito de pornográfico. Uma pesquisa científica pode realizar medição em conformidade com diferentes costumes sexuais e fazê-lo com razoável precisão e objetividade sobre a quantidade de pornografia considerada por um grupo de pessoas de uma região e de outro. O que foi exaustivamente analisado e comparado durante o período de investigação etnológica. Destarte, o que é sensual numa região pode ser totalmente pornográfico noutra.
Todas as pessoas deveriam compreender que existe um sentido comum e universal para alguns termos que têm conotação específica e clara, tais como – pudicícia, censura, disciplina, elegância, repressão, moderação, provocação, respeito, promiscuidade, imoralidade, desonra, liberalismo, orgia, e muitos outros termos que não estão imediatamente associado a religiosidade. É claro, que existem diferentes concepções e valores que distinguem um grupo de pessoas do outro. Entretanto, certamente alguns costumes adotados recentemente por comunidades e grupos de pessoas "modernas" provocam espanto em outros considerados conservadores, ou melhor dizendo – educados e civilizados. O comportamento de muitas pessoas foi profundamente alterado com os "modelos artísticos".
As mudanças de comportamento avançam em algumas direções, mas não significa que as leis e cultura geral têm acompanhada pacificamente muitas delas. Exemplos típicos são as perversões sexuais, o uso de drogas psicofarmacas, etc. Lembre-se a expressa acima entre aspas e não levem o assunto para o caminho dos porcos, pois não se trata de generalização, simplesmente de uma consideração sobre várias modas lançadas que se tornam problemas sociais.
Isso levanta claramente um problema social. Pensando nesses termos temos de admitir que existem permissões para um grupo de pessoas que proibido a uma outra pessoa de outro grupo, e muitas vezes proibido para todas as outras. A legislação deveria, mas não é, ser mantida ao mínimo absoluto, protegendo os direitos dos bebês, menores e incapazes, mas não interferindo na conduta de "adultos conscientemente concordantes" (consenting adults). Grupos de pessoas demasiadamente unidas têm problemas para respeitar a individualidade de muitos de seus membros, que sofrem diferentes pressões e mesmo violências quando não estão de acordo com todas as normas que violam sua privacidade. Evidentemente, que os costumes que ferem os direitos inalienáveis do homem não podem ser defendidos e ignorados.
Grupos e associações de pessoas têm de regulamentos por escrito quando são civilizados e realmente sabem exercer suas cidadanias. Todos nós sabemos que o Brasil é um país infelizmente defasado na área de educação e cultura. Entretanto, tem sido muito difundido, por grupos de defensores dos direitos humanos, em palestras, cursos, cartilhas, etc., tudo sobre os direitos dos cidadãos. Logo, espera-se que comunidades inteiras estejam se adequando aos novos conceitos de associação, cidadania e direito.
Com toda propriedade pode-se afirmar que é muito importante que seja mencionado as mudanças que ocorrem quando as atitudes reprováveis socialmente se transformam em sérias dificuldades para esses grupos às margens da norma ou legalidade. Ninguém, naturalmente hoje puniriam um homem ou mulher por manterem relações sexuais antes do casamento ou mesmo de conviverem maritalmente sem a celebração de um casamento oficial. Contudo, e é certo, as pessoas correm riscos sérios de prisão se desrespeitarem as regras vigentes contra a pederastia, pedofilia, prostituição, tráfego de drogas e diferentes criminalidades. Existem forças psicológicas advindas de excessivo estímulo de ambiental que alteram as pessoas menos preparadas, entretanto, ainda assim podem ser punidas se se permitirem levar pelos seus impulsos e perversões. O mesmo acontece com pessoas que não se adaptaram às costumes de uma região e insistem em manter hábitos que para seus vizinhos são absolutamente repugnantes. Dificilmente um evangélico, ou um católico tradicional, ou judeus ortodoxo, mulçumano e outros, conviveriam tranqüilamente diante de costumes para eles abomináveis do que eles consideram "prostituição religiosa", ou atos depravados demoníacos. Ainda não é tradição geral, nas regiões tradicionais do interior e outros setores dos grandes centros que as pessoas possam aplaudir o homossexualismo. Evidentemente que a opção sexual é uma decisão íntima. À parte os pontos de vista científico a respeito, ou mesmo constitucionais, e sim o que a cultura ainda mantém como correto.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

NOIVAS DO CORDEIRO; a comunicação estratégica


Combater as fofocas era o assunto em questão. A estratégia adotada foi fazer com que mais pessoas soubesse sobre a comunidade numa versão apropriada e respeitosa. Foram feitas inúmeras palestras e oficinas para divulgação das novas medidas. Para o público em geral seria necessário algo mais contundente, especialmente para proteger os interesses e sentimentos dos moradores ofendidos. Distinguindo claramente as partes e seus objetivos bastante diferenciados. Havia um risco a correr e era preciso não temer a nova situação – transformar a questão em pauta para matéria jornalística. Mas e depois? Evidentemente, as matérias jornalísticas serviriam aos propósitos iniciais.
Entretanto, sabe-se que a comunicação de massa é difusão generalizada de formas simbólicas, mediante a fixação e transmissão de informações que atingem o público de forma impressionante, pois é envolvente. Sabemos que ela traz no seu cerne, mecanismos de mercado que ao entrar na lógica de seu funcionamento mercantilizam as formas simbólicas (sofrimento, penúria, tragédia, beleza, exuberância, extravagâncias, perversões e promiscuidade, exotismo, preconceito, rejeição, etc.). Existe um poder incrível de invadir o espaço privado das pessoas e vender novos significados e valores para preencher lacunas e cumprir a pauta do dia. Para os editores e especialistas em comunicação, o importante é impulsionar a demanda, aumentar o consumo. Não é casualidade todo o bombardeio de informações repetidas e inócuas que reproduzem espetáculos e bizarrices. Um perigo se os profissionais não forem cuidadosos em suas observações.
Todas as parafernálias e ferramentas podem estar a serviço da alienação e mórbida curiosidade. Muitas pessoas são realmente incapazes de discernimento em assuntos complexos. Mas o prazer estético segue os princípios ocultos que regulam fatores decisivos nas relações sociais. A maioria de nós é cativada por estranhas e exóticas imagens acompanhadas de voz em off, falando de nada, em tom poético, mas não esclarecendo coisa alguma. Muitos produtores lançam mão de recursos incríveis para seduzir as massas, com evidências de malandrice.
Na era da informação e comunicação de massa deve-se estar atento com o que se ouve por aí, evitando a fé ingênua em tudo que parece verdadeiro. Certamente é necessário a reconstituição da origem dos fatos, numa espécie de inquérito. Se algo não aparece na cena pública, pode ser ignorado por algumas pessoas, mas o investigador sério e competente continua atento aos detalhes. Todo profissional historiador sabe a distinção entre história e história das mentalidades, e certamente distingue bem a lenda e o mito da fofoca.
O procedimento científico, certamente desagrada muitas pessoas, pela sua busca incansável da verdade. Os estudiosos sabem que homens e mulheres são sempre seres biológicos e culturais. Portanto, ser ou estar no mundo é, fundamentalmente, ser ou estar na cultura. Os indivíduos, entendidos como unidades do organismo social, realizam diversas ações sociais, muitas de cooperação, outras de divergência ou de destruição da estrutura. Entretanto, existem conseqüências e resultados os mais diversos. É muito importante que os profissionais noticiem os assuntos sérios com responsabilidade de esclarecimentos e apresentação numa seqüência lógica dos acontecimentos.
Tudo que foi dito até é uma resposta as diversas indagações, através de raciocínios e comentários ou relatos, além reflexões. Trata-se de um tema rico, que apresenta sempre e mais novidades, pois a vida comunitária é dinâmica. O que está evidentemente demonstrado é que uma reportagem é superficial e mesmo os melhores trabalhos jornalísticos são inteiramente diferentes dos detalhamentos realizados por pesquisadores científicos. Muito embora não sejam essas postagens material científico, e nem mesmo esforçam-se os profissionais para adotar a linguagem corriqueira, ainda que haja defeitos, ao menos é um esforço de manter o padrão. Não se trata realmente de uma tese, e portanto as normas não estão sendo consideradas, em relação aos regulamentos de praxe, nos textos científicos ou jornalísticos. São basicamente respostas não diretas aos que enviaram diferentes perguntas através de emails, e mesmo outros que fizeram perguntas e apresentaram idéias diferentes sobretudo não concordando com várias das sugestões e considerações.
Futuramente estaremos sendo analisadas as diferentes reportagens e as postagens serão sobre esses artigos. Sendo que a maior parte do que pode ser discutido está na forma de postagens, scrapings, e mensagens. Quase sempre com surpreendentes apelos e expressões oriundas de pessoas abismadas.
Sob o ponto de vista antropológico existe uma inteira preocupação com o que ainda existe no povoado que não foi totalmente devastado e modificado pela avalanche de pessoas, algumas certamente bondosas e outras infelizmente com curiosidade mórbida e malevolências.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

NOIVAS DO CORDEIRO: Cronologia dos Fatos...





à esq. pesquisa de campo, e à direita o dia que reporter entrevistou monitora de antropologia de Noiva do Cordeiro e na foto maior, em oficina de sob Filosofia do Turismo, ministrada pelos profissionais do

Purbasiun Vitae Project - Intelectual Ecology





As ciências sociais oferecem importantes serviços de melhoria na qualidade vida. Os estudos antropológicos não são matéria simples que alguém poderá fazê-lo após noções básicas de antropologia. Durante longos anos o cientista é primeiro acadêmico e passa por processos e exigências de testes; monografia, leitura, palestras, oficinas, trabalho de campo. Durante o período acadêmico estuda para formar-se em Sociologia, Antropologia e Ciências Políticas. É análogo ao curso de medicina que forma o Clínico Geral e depois vem a especialização em cardiologia, neurologia, etc. Particularmente, em Belo Vale, no lugarejo denominado por – Noiva do Cordeiro (antiga Roças Novas de Cima), os estudos científicos no local envolveram Antropologia da Comunicação.

Trata-se de uma busca intensiva de respostas aos muitos porquês. Foram realizados estudos ergológicos e etnologia. Refere-se a um tipo particular de pesquisa social, envolvendo censo demográfico, com objetivos adicionais, além da pesquisa quantitativa sobre a população de Noiva do Cordeiro, com exames simultâneos de muitas diferentes variáveis. Destacam-se os Estudos Sóciométricos na coleta de dados sobre os indivíduos dessa amostragem, com o intuito de descrever e explicar essa população em suas inter-relações, incluindo os vários possíveis fatores que governam a formação de suas amizades e inimizades. São procedimentos cuidadosos e detalhados na amostragem. Parte relevante da pesquisa envolve estimativas dos parâmetros.
Após as muitas e diferentes conversações, incluindo palestras, cursos, oficinas e observação-participante, foram todos convocados em suas vontades na busca de um objetivo comum e tomadas de decisões, em conformidade com as prioridades. Veio então o processo de Mobilização Social, para alcançar o objetivo pré-definido, certamente ligado ao útil e orientado para um projeto de futuro. Foram dados os primeiros passos nessa ordem de convivência, para administrar o bem comum. De modo sistemático foram organizadas as palestras com os temas seguintes:
1. Convivência Social; a imagem pública e o comportamento
2. Comunicação Social; as bases de auto-afirmação pessoal e o ambiente de respeito
3. Relações Públicas; aprender a interagir com base no personagem que adotamos publicamente
4. Autonomia; uma discussão sobre o Coletivo e o Indivídual
5. Cooperativismo e Associativismo; bases e princípios econômicos de administração (Kibbutzim Israelense como referência, analogia e discussão)
6. Segurança e Saúde; fundamentos da sobrevivência para a evolução sócio-cultural.
Através da convivência que em antropologia denomina-se observação-participante pode-se notar as necessidades e anseios diversos o que complementou de maneira dinâmica e intensa os estudos.
Mediante planejamento, chegou-se ao imaginário convocante, que era a síntese válida de tudo que mais importava para os moradores de Noiva do Cordeiro. Veio então a seqüência de ações que simultaneamente poderiam responder aos desafios que a história havia posto na vida deles.
Um grupo de pessoas da comunidade foi selecionado para novos estudos, e dentre eles alguns para atividades distintas que se completavam, tais como:


  • Pesquisa de Campo; história comunitária, estatística
  • Produção; artesanato com base em Tecnologia do Bambu e Cerâmica, com os princípios básicos da Ecologia Intelectual
  • Comunicação; fotografia, imagem pública, palestras, entrevistas, etc.




terça-feira, 29 de setembro de 2009

NOIVAS DO CORDEIRO: o desenvolvimento comunitário




O desenvolvimento de uma comunidade em qualquer parte do mundo é uma questão de conhecimento. É muito complexo o simples termo com as suas infinitas implicações, pois o desenvolvimento não acontece sem o sacrifício. A humanidade realmente tem dados passos largos para o futuro, mas ainda existem muitas contradições nesse desenvolvimento e só acreditamos que sejam contradições simplesmente por acreditarmos que o desenvolvimento é quase sinônimo de perfeição. O desenvolvimento, deste modo, é uma tentativa avançada de melhorar as condições de vida, mas depende das “vontades”, e no pior das hipóteses, do conhecimento sobre as possibilidades e a escolha de um futuro promissor. Quando as pessoas estão entusiasmadas, com certeza estão imbuídas de desejos positivos, e o mesmo NÃO acontece quando as pessoas simplesmente não sabem que têm um problema grave para ser resolvido.
No dia 28 de agosto de 2006, no primeiro encontro foi surpreendente, pois os moradores não pareciam saber a melhor solução para o falatório contra eles. A pressão e isolamento causaram uma perda, com algumas pessoas reagindo com indiferença às propostas de reavivamento das relações com a vizinhança. Ainda no ano de 2006 os comentários eram inteiramente favoráveis à realização de um projeto rural no estilo urbano, ou seja, com ligeiras adaptações no estilo, permanecendo o que de fato admiravam e desejavam para si próprios.
No inicio, constatou-se que as atividades diárias eram de um grupo de cinco senhoras trabalhando na Oficina de lingeries, outro grupo no casarão, e as demais em suas próprias casas, com possibilidades de incrementar o orçamento através de outros meios, inclusive com o aproveitamento da matéria-prima local, tais, como as folhas, sementes, bambu, e argila. Não foram encontradas as velhas cantigas, ou o artesanato tradicional e histórico, mas apenas o aproveitamento de retalhos em pequena escala, na feitura de tapetes. As expressões culturais vibrantes e impressionantes estavam ligadas às atividades substitutivas, a primeira vista, do que outrora foi a Seita Noiva do Cordeiro; o fundamentalismo do grupo deixou o legado artístico do teatro e até mesmo a organização comunitária, institucionalizada. Estas são as mais puras expressões de valor espiritual de cunho religioso, sem os ritos mágicos ou dogmas.
A melhor estratégia encontrada foi promover as atividades, na medida que houvesse concordância, e simultaneamente estabelecer uma linha de trabalho com intuitos óbvios de transformações. Dentre as atividades imediatas dentro do processo foi organização de uma “empresa virtual”, com claras distinções de função entre uma e outra pessoa, sem contudo realizar testes de aptidão, apenas em conformidade com o estratagema adotado. Inicialmente, foi fornecido uma sala do casarão colonial, onde antes era um quarto, para se tornar o escritório. O local foi denominado Departamento de Comunicação Visual; monitoria antropológica. A seguir o porão foi organizado para se tornar o Ateliê, onde foram iniciados na tecnologia do bambu e cerâmica. Outro cômodo do casarão se tornou a Biblioteca Noiva do Cordeiro (ou Biblioteca Anísio Pereira). Outra sala era para os cursos de Cultural Trekker (com inglês, história do Vale do Paraopeba e Comunicação) e também o Curso de Filosofia Aplicada (lógica elementar e história do pensamento, argumentação, etc.). Ficando em aberto o Curso de Informática Inteligente (Tecnologia e Informação, com noções de Antropologia e Pesquisa).
Com a organização de pequenos grupos, pouco a pouco surgiram as discussões honestamente expressas. Ocorreram grandes revelações de talento e personalidade, do mesmo modo facilitou a compreensão de comportamento ou mesmo os danos causados pela conturbada relação com o mundo externo, da vizinhança. Principalmente, ocorreram manifestações contundentes associadas ao rótulo repugnante e vexatório para eles de – “prostitutas”. Surgiram ondas de fatos e ocorrências de difícil solução. No ano de 2007, exatamente em março, um senhor muito admirado e membro da Grande Família Noiva do Cordeiro, faleceu em Belo Horizonte, após agonizar trinta dias consecutivos. O histórico complexo deste processo está inserido nos estudos de Tanatologia e Geronto-antropologia.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Noivas do Cordeiro; relatório sucinto das atividades

Os fatos que antecederam ao acontecimento atual(a visibilidade comunitária e prestígio da Comunidade Noiva do Cordeiro) podem não ser os únicos e decisivos, mas certamente contribuíram para acelerar o processo. É evidente que qualquer profissional de ciências sociais passaria por momentos difíceis, diante de uma população alegre, confiante, solícita mas com expectativas que poderiam ser frustadas. Os elogios e expressão de admiração incentivaram continuar mesmo nos momentos mais difíceis. Era uma situação admirável e comovente, com significados inesquecíveis.
Em conformidade com a Mobilização Social, foram organizados o passo a passo dessa nova construção. Era necessário criatividade, persistência e audácia. Naquele período, de 2006, a comunidade de Noiva do Cordeiro não convivia com os vizinhos intensamente. Deste modo, o plano era aproximar pouco a pouco dos vizinhos, porém com os primeiros encontros para serem organizados em Rio Acima, Brumadinho, Moeda e por último os moradores da cidade Belo vale. Entretanto, no dia 21 de outubro de 2006 o presidente da Associação de Noiva do Cordeiro convidou os moradores de vários povoados para um grande encontro de confraternização e almoço. A partir desse acontecimento inusitado, o cronograma das atividades foi modificado. Enquanto os visitantes circulavam dentro e ao redor do casarão, alguns comentavam sobre o local, como se ali realmente fosse um prostíbulo. Por este motivo foi feito uma palestra e mostra de vídeo antes do almoço. Foi dado a partida para um movimento a favor das jovens senhoras que freqüentemente eram constrangidas com comentários, críticas e afirmações sobre elas serem “prostitutas”. Essa foi uma das mais emocionantes palestras, que depois foram seguidas tantas outras em diferentes lugares da cidade.
Com o convite e hospitalidade de senhora Delina e sua filha Rosalee, os profissionais passaram à técnica de observação-participante, ao mesmo tempo dando forma à idéia de construção e elaboração de uma empresa, com seus consecutivos departamentos, mesmo sem mão-de-obra especializada. De maneira improvisada foram ocupadas as salas do casarão colonial, como se fosse um Centro Cultural, com escritório de Comunicação Visual e Monitoria de Antropologia; redação e fotografia. Também foi organizado o espaço do porão para ser um Ateliê, e outro cômodo para ser a Biblioteca. Josiele Fernandes Almeida é nomeada Diretora Geral, torna-se fotógrafa oficial, Cláudia Lima é nomeada Secretaria de Cultura e Educação, Flávia Emediato, por sua vez é nomeada Diretora de Biblioteca e do Teatro Noiva do Cordeiro. E assim por diante, outros nomes se seguiram em funções com objetivo de aprendizado e orientações práticas, na forma de aprender-fazendo.
A velocidade com que aconteceram as coisas trazia uma grande inspiração e fluía boas expectativas; era preciso ir mais rápido e organizadamente. Era a primeira vez que praticavam o artesanato (tecnologia do bambu, cerâmica, etc.) e desde setembro de 2006 até dezembro de 2006, e os produtos foram para a Expominas. O número de pessoa disponíveis eram animador, mas era preciso um “faz-de-conta” e dinamismo. Foi dado o inicio de uma engajamento elaborado e contundente, em que um grupo de jovens foi escolhido para tomar ciência do que estava ocorrendo.
Entre novembro/2006 e março/2007, foram realizadas muitas visitas estratégicas, em busca de parcerias e cursos. Sobretudo baseadas nas profundíssimas necessidades psicológicas de cada indivíduos. Certamente uma necessidade de ampliar o estado de percepção, com propostas de reflexões sobre a Representação Social deles e o que almejavam para si. Surtiu grandes efeitos o curso ministrado de – Filosofia Aplicada -, com discussões densas e complexas, previamente elaboradas pelo professor. As aulas foram ministradas de forma análoga à tradicional escola grega com seus métodos, no caminho do Ágora. Os cursos ministrados foram:
a) Trilha Cultural; história do Vale do Paraopeba, História Afro-brasileira, Bandeirantismo, Comunicação e Idiomas (inglês);
b) Filosofia Aplicada; debates e argumentos, lógica elementar e história do pensamento;
c) Tecnologia do Bambu; corte da matéria-prima, estudos de estética, noções de desenho, gestão de negócios; Luminárias e Cercas
d) Cerâmica; história da arte e cerâmica, preparo da matéria-prima, estudos de estética, economia, Luminárias e miçangas
e) Comunicação Visual; noções de luz, perspectiva, o significado do significado, fotografia, técnica e prática;
f) Dança Dramática; comunicação e expressão, coreografia e história, estudos e prática;


O procedimento habitual, em conformidade com Ecologia Intelectual, dentro da linha filosófica do empreendimento sempre foi propor discussões e atuar rigorosamente poupando maiores sofrimentos e desgastes. Assim sendo, a demanda nos concedeu oportunidade e compreender as necessidades e anseios comunitários. Evidentemente, o “mundo aceito sem discussão” tornou-se alvo de intensas discussões e reavaliações. Na verdade ocorreu uma necessidade de reavaliação, do ponto de vista, da imagem pública que ostentavam e decidiram de maneira prática e eficiente – mudar o comportamento. É fato que a combinação de diferentes matérias saindo da Trilha Cultural, Filosofia Aplicada, Tecnologia do Bambu, Cerâmica, Comunicação Visual e culminando na Dança Dramática, favoreciam a interdisciplina e profundas reflexões.
Sempre que necessário, foram realizadas oficinas, cursos e palestras para complementação dos ensinamentos. Portanto, muitas das visitas que foram realizadas faziam parte de uma esquematização e exercício prático, para adaptação social, de acordo com os efervescentes acontecimentos. As palestras eram tanto preventivas, como medida sócio-educativas. Tais cursos, oficinas e palestras foram:
1. Dezembro de 2006 em Noiva do Cordeiro; Palestra sobre Gestão de Negócios, a elaboração organização do Ateliê em Noiva do Cordeiro, cronograma e organograma de atividades, etc.
2. Janeiro de 2007 em Monte Sião; Palestra sobre historiografia, imagem pública e comunicação, etc.
3. Fevereiro de 2007 em Noiva do Cordeiro; Palestra sobre Comunicação e Expressão, a Representação Social da Mulher, e tudo que ela disponibiliza para atrair, seduzir ou causar danos à sua reputação
4. Fevereiro de 2007 em Noiva do Cordeiro; Palestra sobre o termo – prostituição -, nos seus significados populares e religiosos quanto jurídicos. O desenvolvimento da sexualidade feminina, a combinação harmoniosa entre o direito e a cultura. O nome Noiva do Cordeiro, a Fábrica de Lingerie, os Desfiles de Lingeries, a proporção de mulheres na comunidade, a faixa etária das mulheres, a prostituta no decorrer da história, sobre preconceito, rejeição e adaptação social. Os resultados e decisões a partir desta palestra deram novos rumos à comunidade, com o conseqüente “release” enviado à redação do Jornal Estado de Minas, sobre a pauta possível envolvendo a comunidade.
5. Março de 2007 em Noiva do Cordeiro; Palestra sobre tabagismo, o uso e abuso de drogas psicofarmacas, os critérios e definições técnicas sobre o usuário e traficante, o uso de substâncias entorpecentes e a imagem pública de Noiva do Cordeiro, o perigo de exposição, etc.
6. Março de 2007 em Noiva do Cordeiro; Palestra sobre comportamento e comunicação, com a distinção entre as relações íntimas, particulares, sociais e públicas.

Foram selecionadas algumas pessoas da comunidade para visitas e reuniões com grupos de pessoas, para posterior parceria e ações conjuntas. Segue-se algumas dessas visitas realizadas pessoalmente, entre 2006 e 2007, que são as seguintes:

a) Prefeitura Municipal de Moeda; Secretaria de Educação;
b) Sede da ONG AMA-MOEDA;
c) Sede da ASMAP – Assoc. de Defesa do Meio Ambiente e Desenvolvimento Cultural do Vale do Paraopeba;
d) Jornal Tribuna;
e) Faculdade ASA de Brumadinho;
f) C.A.C.I. – Centro de Arte Contemporânea de Inhotim;
g) Salão do Encontro de Betim;
h) Lamebe;
i) Secretaria de Cultura de Bonfim;
j) Grupo Tambolelê;
k) Grupo Tocando Pela Vida;
l) Grupo Amuleto;
m) FIEMG;
n) Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais;
o) Instituto Histórica Israelita Mineiro;
p) Consulado H. da Alemanha;
q) Consulado H. da Índia;
r) Clube do Vôo Serra da Moeda;
s) Condomínio Retiro do Chalé;
t) Rancho do Peixe;

Foram realizados cursos e oficinas através de pessoas engajadas no Projeto de parceria entre ASMAP e PURBASIUN VITAE PROJECT – INTELECTUAL ECOLOGY e Associação Comunitária Noiva do Cordeiro. Alguns dos cursos foram iniciados e interrompidos por motivo de força maior.

a) Oficina sobre Ciências Políticas e Cidadania; Acadêmica de ciências sociais Eduardo Amorim;
b) Oficina de Luthieria e música; pelo maestro Reinaldo Coronel Guevara;
c) Mini-oficina de Informática Inteligente; técnico analista de sistema e estudante de administração de empresas Bruno Johnny.

Nota: O projeto desenvolvido em Noiva do Cordeiro foi inicialmente uma parceria para que ocorressem atividades de Noiva do Cordeiro em Chacrinha dos Pretos. Devido às grandes distâncias e dificuldades de transporte, o projeto em Chacrinha dos Pretos foi suspenso, na intensidade anterior e intensificaram em Noiva do Cordeiro, durante o período de 2006 até 2008.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

NOIVAS DO CORDEIRO: Existem pesquisas demais?

O desenvolvimento das ciências sociais incita a sociedade a redefinir sua identidade a partir de um território mais estreito. Por outro lado, nos moldes das ciências experimentais, o cientista social, diante da realidade observável, detém-se diante dos fatos históricos e acontecimentos com estudos e trabalhos ligados às suas fontes, em confrontação necessária, sem desdenhar quaisquer informações. Na medida em que registra os dados brutos, evitando seu ponto vista, ou qualquer representação construída sem embasamento. Trata-se, pois, da reconstituição dos conjuntos de dados, mediante tratamento estatístico e analítico, até a revelação de uma tendência lógica. Seria ilusório querer explicar as sociedades a partir de idéias simples ou simplicistas, pois o ser humano é um animal sofisticado e complexo, mesmo o mais rude dos indivíduos não poderia ser compreendido e comparado facilmente com animais numa escala evolutiva abaixo da raça humana.
Os fenômenos culturais contêm formas simbólicas dentro de uma estrutura, o que significa realizar estudos sobre o que constitui dentro do contexto social, essas formas simbólicas. O estudioso científico precisa estar atento à distinção óbvia e sutil, do que é cultura e o que é produção individual, estritamente ligada à personalidade e caráter. Os indivíduos não absorvem passivamente as formas simbólicas que lhes são apresentadas, mas “dão-lhes um sentido pessoal”. A história dos costumes ocorre por uma mistura constante de fenômenos e comportamentos herdados e invenção. Certamente é necessária a reconstituição da origem dos conflitos com a descrição sincera dos costumes e comportamentos sociais. A pesquisa histórica não pode confundir a memória popular com a memória do Estado. Se algo não aparece na cena pública, pode ser ignorado pelo historiador “apressado”. Contudo, o profissional altamente qualificado e hábil distingue bem a historiografia, com base em documentação e provas, das histórias das mentalidades. O procedimento científico certamente, desagrada a algumas correntes envolvidas no “jogo de interesses”. Justamente pelo fato de que o profissional vê além do sensacionalismo e populismo místico, por ser um perito observador “ao vivo” e por um longo e intenso período.
Os entusiastas estudiosos de antropologia têm de estar familiarizados com as artimanhas do comportamento humano, e suas ressonâncias. As fontes convidam o pesquisador histórico e profissional a reconstituir, mediante diferentes métodos, a revelação lógica dos acontecimentos. Com o procedimento correto desemboca numa reflexão antropológica que explica uma determinada conjuntura. O que leva o intelectual a interessar-se sistematicamente pelas razões imperativas dos acontecimentos. Algo notório e distinto das observações vulgares e destituídas de seriedade.
Uma marcante obtusidade deve ser assim considerada e observada nos detalhes que são relevantes. É necessário reconhecer que o gabarito da ignorância e desvio de caráter nunca servirá aos excelentes propósitos do desenvolvimento cultural. Os problemas são essencialmente éticos e culturais; não para serem aceitos, mas também porque é fato que culturalmente existem costumes que são abomináveis. Na maioria das vezes, alguns interesses fazem com que se encontre “respostas simpáticas” nas profundezas mitológicas do “subsconsciente” para explicar atitudes malfazejas de personalidades doentias e depravadas. Tudo em última instância depende de cada pessoa que influencia ou é influenciada. É estúpido, pois, dizer que o brasileiro é quem está mais preparado para compreender ou realizar estudos do comportamento brasileiro, seja por uma atitude complacente e cúmplice ou por aceitação e tolerância com os hábitos desagradáveis. Estudiosos científicos em observação-participante são peritos e mesmo em situação de choque cultural, devem ser hábeis e ter conhecimentos suficientes para discernir sobre o que é inteligência e malandragem. É distinta a inteligência reconhecida por todos, no meio de diferentes traços psicológicos e culturais que apresentam evidências contundentes da folclórica “malandrice brasileira” (exemplos óbvios são as famosas “carteiradas” e a frase: você sabe com quem está falando?).
É reconhecida a importância e vulto do problema cultural brasileiro contra as ciências. Parece tão axiomático quanto problemático e muito desrespeitoso falar de ciência, sem compreensão e estudos, e somente a partir da “bomba atômica contra Hiroshima”, e nunca lembrar orgulhosamente do heroísmo de Oswaldo Cruz. É claro que as crenças vulgares favorecem a intrigas, superstições e preconceitos, certamente, infelizes e perniciosos. Seres humanos não são pombos, mas a irracionalidade artística de várias pessoas faz-nos supor que estejam mais próximas da inteligência medíocre da ave muito esperta.
Algumas pessoas temerosas do que as pesquisas científicas possam revelar protestam contra elas, fingindo ignorar os resultados positivos e podem maldosamente influenciar os incautas e distraídos. É necessário esclarecer que as pesquisas valem-se de método comparativo e buscam respostas a infinidades de porquês, até encontrar soluções a graves questões. Isso levanta claramente um problema social, pois o que é permitido ou proibido a uma pessoa é permitido a todas as outras. A legislação deveria ser mantida ao mínimo absoluto, protegendo os direitos dos bebês, menores e incapazes, mas não interferindo na conduta de adultos conscientemente concordantes (consenting adults). É preciso manter a realização da individualidade. Contudo, os estudos científicos são ricamente detalhados, comprovadamente auxiliando na compreensão dos acontecimentos. Várias dúvidas podem ser respondidas mediante entrevistas, enquêtes ou pesquisas, com diferentes metodologias. Para melhor compreensão existe o que exemplo de uma sucessão contínua que designamos “psicoticismo” e que pode ser medida por questionário da mesma maneira que neuroticismo-emocionalidade ou extroversão. Pessoas que obtém um alto escore nesse inventário, são geralmente desajustadas, com tendência à crueldade, e desumanas, procuram mais e mais sensações, estão sempre em busca de uma “onda de ativação”. Com ressalvas, porém, geralmente gostam de coisas extravagantes e incomuns, e desprezam o perigo e a má fama, não se incomodam por sua consciência. Suas atitudes têm coloração definidamente patológica. Ignorar isto seria imprudente nos estudos sociais que as envolvem.
É preciso “ver as coisas com novos olhos”, com os olhos da iluminação e compreensão e uma dose de serenidade. Outrossim, é indubitável que essas contribuições científicas são de enorme importância para uma abordagem inteligente de uma política pública com relação a esses assuntos. Quer dizer que os métodos científicos implicam em alguns valores específicos que são peculiares a essas disciplinas. Tudo que for realizado pelo ser humano, mesmo o mais trivial, torna-se significativo para o pesquisador. Certamente, pesquisar nunca é demais. E as pessoas deveriam procurar mais informações antes de propagarem idéias depreciativas, por ciúme, incompetência ou ruindade pueril.
Parece lógico estudar a cultura e as personalidades que nela interferem, começando-se pela hereditariedade. Contudo as influências da hereditariedade não aparecem no nascimento. Fato que ocorre na puberdade, do impulso sexual. Em alguns homens de meia idade, surgem as formas hereditárias de surdez e de paralisia. Nascer em uma família excepcionalmente inteligente, de rara longevidade, é por outro lado, usufruir também dos benefícios da hereditariedade. A definição das contribuições para a personalidade geralmente consideradas “não ambientais” são – constitucional, congênita, inato, e hereditária. Tais influências podem ser estudadas matematicamente, embora complexas, porém concebível. Temos a lição de que a Seleção Natural atua constantemente sobre os indivíduos e sobre as nações. As sociedades complexas precisam de uma grande variedade de temperamentos e de habilidades naturais, como nos lembra o ditado: “Todas as espécies são necessárias para se construir o mundo”. O homem prático que se sente responsável pela comunidade põe-se logo a pensar nas implicações sociais, pode ser de bom alvitre fazermos uma pausa e esclarecer algumas dessas implicações. Pode-se melhorar a humanidade com a melhora no ambiente e na constituição genética do homem. Mas que constitui realmente aperfeiçoamento? As perguntas e respostas são infinitas e de fato pode-se dizer que as pesquisas são extremamente necessárias, sejam elas realizadas por crianças do ensino fundamental, de colégios, acadêmicos ou por profissionais técnico-científicos.
Qual a melhor forma de compreender os estudos e seus resultados sutis? Bem, os cientistas sociais estudam durante anos e têm de estar preparados para dar respostas de acordo com suas especializações. São comparados aos médicos clínicos gerais que atendem um paciente e indicam outro especialista (ginecologista, psiquiatra, pediatra, etc.). Vamos supor que uma cientista social visite uma comunidade hipotética, de uma cidade imaginária e verifique que ela comentada maldosamente como se fosse um prostíbulo!...Nessa suposição, talvez o cientista considere relevante primeiramente a Mobilização Social e posteriormente descubra que o imaginário convocante seja – combater essa terrível e injusta fofoca. Talvez uma das estratégias fosse proferir palestras em diferentes lugares e mesmo enviar “releases” para sugerir pautas a editores de diferentes jornais. Certamente, no caso dessa comunidade hipotética, se constituída por pessoas virtuosas e gratas, fariam comentários cada vez mais simpáticos sinalizando gratidão, mesmo que os “releases” não se tornassem matérias jornalísticas ou um documentário. Sabe-se que confiança depende de credibilidade e a gratidão depende especialmente de virtude. Tanto quanto é preciso saber que 99% das realizações comunitárias e pessoais dependem única e exclusivamente do que essas comunidades e indivíduos fazem com o que aprenderam. É óbvio que os estudiosos, como seres humanos, podem ficar felizes com os sinais de gratidão, mas geralmente devem trabalhar sem a expectativa de tais honrarias.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

AS NOIVAS DO CORDEIRO: Um mundo real e igual

Opinião, Rainha do Mundo, não está sujeita ao poder dos reis; estes são os seus primeiros escravos” (Rosseau).
Em cidades pequenas, o mexerico, a intriga, a bisbilhotice são diversão apreciada. Muitas vezes provoca tragédia e dramas. A vontade de passar informação faz parte do homem. É a comunicação algo natural, mas na maioria das vezes tem conseqüências desagradáveis. Quando a pessoa não controla a cobiça, toma atitudes prejudiciais, por falta de escrúpulos, e é o que leva à instabilidade, fragilidade nas inter-relações. Certamente as sanções de exclusão social, por desaprovação levam a perda de prestígio, ao ridículo ou ao desprezo. Não se pode subestimar as influências das massas que aumentam as forças mais “pessoais” e intencionais. Um poder eficientemente usado pelos políticos nos rincões atrasados do país.
Evidentemente que a ignorância e apatia refletem o grau de desenvolvimento cultural. Não é necessário um demasiado exercício de imaginação para reconhecer a realidade por detrás de fachadas, e cenários paradisíacos perfeitos; em qualquer lugar é possível ocorrer traições conjugais, violência física ou simples fofoca. Por detrás do cenário sempre existe o bastidor (cultura oculta?) e somente uma pessoa irremediavelmente ingênua acredita em tudo que é apresentado pelos noticiários pseudo-históricos e sensacionalistas.
Poderosos interesses influenciam atitudes inescrupulosas para esconder fatos históricos. Contudo o procedimento do etnólogo (antropólogo em estudos etnográficos) revela detalhes diferentes de estudos superficiais e tendenciosos. Certamente o profissional honesto desagrada a algumas correntes, por realizar a “Ressurreição do Passado”, que essencialmente é a realidade histórica sujeita à rejeição social. O procedimento correto desemboca numa reflexão antropológica, distinta das observações vulgares, que explica determinada conjuntura. Portanto, não concordar com a forma como foi editado o documentário Noivas do Cordeiro é uma questão de princípios e mais do que uma visão totalmente diferente da realidade, é protesto da população belo-valense ofendida com o que afirmam ser inverídico – os fatos da discriminação na escola e o que parece ser uma covardia social, por rejeitarem as jovens garotas do local, sem que elas tivessem comportamento transgressor.
“Tornamo-nos cultos através da arte e das ciências. Tornamo-nos civilizados pela aquisição de uma variedade de requintes e refinamentos sociais” (Kant).

Os indivíduos, entendidos como unidades do organismo social, realizam diversas ações sociais, muitas de cooperação, outras de divergência ou de destruição da estrutura social. Homens e mulheres serão sempre seres biológicos e culturais. Portanto, ser ou estar no mundo é, fundamentalmente, ser ou estar na cultura. Costumes toscos e selvagens formam a cultura para um estilo de vida. Quanto mais próximo da natureza quanto mais distante dos costumes das modernas sociedades industriais e urbanas.
É próprio da antropologia estudar os fenômenos que designam uma sociedade e uma cultura, que foram digeridos e interiorizados. Observando e participando de modo claro e objetivo da trama da vida biológica e social. Trata-se de uma concepção multidimensional da realidade social. O pesquisador histórico e antropológico reconstitui o passado mediante diferentes métodos. Deve estar familiarizado com as artimanhas do comportamento humano e evitar que os indivíduos possam encobrir os rastros e anular o passado. O profissional de pesquisa histórica deve compilar esses acontecimentos em ordem cronológica e de importância, com a descrição e ‘periodização’ e ‘momentos críticos’.
Não significa que os profissionais que realizaram estudos etnográficos na Comunidade de Noiva do Cordeiro desejam perpetuar quaisquer polêmicas, inverdades e provocações ou ainda manter as divergências entre os adversários, mas não é possível ignorar os detalhes que alteraram profundamente as relações entre os grupos de pessoas. Todo o adulto normal é aquele que vive dentro das coordenadas que lhe foram atribuídas; afastar-se dessas linhas sempre é um risco de marginalização.
Nenhuma sociedade pode existir sem o controle social. Os instrumentos e métodos de controle social variam de acordo com a finalidade. O mais antigo e supremo método é a violência física e subjetiva; o ridículo e a difamação são instrumentos potentes de controle social em grupos primitivos, que zombam e escarnecem aqueles que eles rejeitam. Certamente esta foi a reação de muitas pessoas que não concordaram e não concordam com o que ocorreu nessa comunidade que transgrediu os regulamentos impostos pela cultura local; desfiles de lingeries, a igreja se transforma num bar, as posições políticas surpreendentes, etc. Todas as pessoas inteligentes e cultas deveriam saber que o Direito e a Cultura nem sempre estão de acordo um com o outro.
A linguagem recebe características do povo que a pratica, pois, são formas de expressar comportamento. Portanto, muito mais fácil para uma pessoa relapsa, inconseqüente e omissa. Disse o escritor português José Saramago: “ As verdades únicas não existem: as verdades são múltiplas, só a mentira é global...”
A fé do cientista se mantém até que surja o primeiro para contradizer seus dados. Porém antes de perceber que está errado, e que seus pressupostos estão falhos, mantém-se defensor de sua idéia, e não deve render aos lamentos ou argumentos, mas sim provar as evidências contundentes, até a completa elucidação.
Quando se trata de descobrir a Verdade Absoluta temos um grande problema de tecnologia. Pequenas verdades podem ser demonstradas e descobertas, porém a Verdade Absoluta, com detalhes precisos e contundentes assemelha-se a um elefante sendo tateado por quatro diferentes cegos que buscam identificar que objeto é aquele. O primeiro pega na tromba e diz: eu sei o que é isso. É uma mangueira. O segundo no rabo do elefante e diz: não é um espanador. O terceiro contradiz os dois primeiros: que nada isso é uma pilastra. Quando se trata de interpretar fatos e textos, elucidar mistérios ou encontrar provas, as pessoas têm muita dificuldade. Os peritos sabem que – evidência não é prova. Contundo, as evidências podem levar à prova.
QUINZE MINUTOS DE FAMA - Ser contemplado com “quinze minutos de fama” pode embriagar as almas das pessoas com imaginação de poderes infinitos, especialmente uma imaginada superioridade em relação aos outros pobres mortais desconhecidos. Perigoso que os minutos de fama estiverem baseados em armações e espertezas. Alguém precisa ficar lúcido e reconhecer que o romantismo do amor pungente e verdadeiro é fantástico, e um fenômeno quase sobrenatural. A grande maravilha além do simples brilho dos palcos consiste em que todos os que são alvo da “mórbida curiosidade” mantenha-se atento aos seus impulsos. Existe uma ideologia pra atender esse “fervor instantâneo e sensacional”. Com muita freqüência embora nem sempre, as ideologias destorcem sistematicamente a realidade social com o intuito de sobressair onde isto lhes interessa. A pressão é um sistema de controle para manipular dados e a opinião pública, com oferendas de doces e balas ou ameaças de balas com pólvora. Todos que se manifestam impulsionados por ideologias são absolutamente sinceros. O esforço moral necessário para mentir deliberadamente está além da maioria das pessoas. É muito mais fácil iludir a si próprio. Importa distinguir o conceito de ideologia dos conceitos de mentira, fraude, calúnia, difamação, propaganda, historietas e histórias, sensacionalismo e prestidigitação. O mentiroso, por definição sabe que está mentindo. O ideólogo não. A maioria das teorias de conspiração exagera grosseiramente.
“MÁ FÉ” - Estudos antropológicos e sociológicos mostram que o homem é aquilo que a sociedade o fez ser, e que esse mesmo homem/mulher tenta, debilmente, hesitantemente, às vezes, apaixonadamente, ser outra coisa, alguma coisa que ele mesmo tenha escolhido ser. Com ímpetos de bravura, heroísmo, nacionalismo, xenofobia bolorenta. Esta infinita precariedade de todas as identidades atribuídas socialmente não enganam o hábil perito. O profissional estudioso das sociedades modernas e primitivas está e devem estar de prontidão e por demais consciente da maquinaria do palco para se deixar arrebatar pela cena representada. Sabe-se que os “atores sociais” fazem acrobacias para cumprirem seus papeis, Rapunzel, Robin Hood ou Rapunzel. O especialista tem enorme dificuldade em conceder status ontológico à pantomima. Por conseguinte o profissional de ciências humanas sempre terá dificuldades com qualquer conjunto de categorias que oferecem designações para pessoas – "bi-curiosos",“caucasianos”, “negros”, “judeus”, “brasileiros”, “prostitutas”, “mulheres fáceis”, etc. A sociologia nos leva a entender que um “negro”, “prostituta”, ou “mulher fácil” é uma pessoa assim designada pela sociedade e que essa designação libera pressões que tenderão a transforma-lo na imagem designada, mas que essa pressões são arbitrárias, incompletas, e, principalmente, reversíveis.
Lidar com um ser humano exclusivamente enquanto “negro”, “prostituta” ou “mulher fácil” é um ato de “má fé”, e não importa que a pessoa que utilize a imagem seja um racista, puritano, conservador ou liberal em matéria de raça e sexualidade. Na verdade, vale notar que os liberais muitas vezes se enredam tanto nas ficções dos repertórios aceitos socialmente como óbvios quanto seus adversários políticos. A diferença é que atribuem valores opostos (igualmente exagerados), a essas ficções. Trata-se de assumir um “orgulho” no lugar da “vergonha” anterior. A compreensão sociológica deixa claro que o próprio conceito de raça, nacionalidade, e sexualidade não são nada senão uma ficção; não nega as contra formações e consideram-nas firmemente como sendo úteis na organização de resistência à opressão. Seja como for, estão fundadas em “má fé”, cujo poder corrosivo por fim cobra seu tributo, quando os que adquiriram dolorosamente orgulho de sua raça, nacionalidade ou sexualidade descobrem que adquiriram na verdade algo de muito vazio.
A perseguição preenche a mesma função de “má fé” como o preconceito ou discriminação racial. A imagem vacilante da própria pessoa é garantida pela contra-imagem do grupo desprezado. Não é preciso que se possua profundos conhecimentos de psicologia para perceber o pânico frio que se oculta por trás do comportamento rude. A “má fé” no ato de pressão tem as mesmas raízes da “má fé” em toda parte, seja pela paixão, ignorância, ou ainda mesmo a evasão à própria liberdade, inclusive àquela terrificante liberdade concedida ao indivíduo dentro de um grupo. Todos os seres humanos têm de lutar contra imensos obstáculos para definir para si próprios uma identidade, constantemente, ameaçada. Pode-se entender tudo isso como um jogo entre muitos, mas de modo algum a última palavra a respeito da “Verdade Absoluta”. É preciso sentir interesse pelas diversões epistemológicas e manter o tão necessário humor que mantém a saúde e equilíbrio homeostático; evitando-se alteração da glicose, da pressão sanguínea e males da bexiga.
Não podemos entender plenamente o mundo político se não o encaramos como um jogo sujo, ou o sistema de estratificação se não percebemos sua forma de baile de máscaras. Ficaria difícil alcançar uma clareza e percepção sociológica das instituições a menos que se lembre o tempo inteiro como uma criança, andando meio trôpega, mas feliz, põe uma máscara e assusta seus colegas de jardim de infância ao gritar: “bú”!. Um sociólogo ou antropólogo não poderá compreender a lei se não se recordar da jurisprudência de uma certa rainha em “Alice no País das Maravilhas”. Não são observações para menosprezar o estudo sério, o comportamento justo e transparente dos fatos. Trata-se, pois, de simplesmente sugerir que ao se observar essas postagens e comentários nunca se deve, repito, perder o humor e equilíbrio emocional, evitando-se, deste modo embriagar com as palavras. Existem muitas verdades que só percebemos ao rir. Muitas vezes rir de nós mesmos. Existe uma imensa riqueza na vida pregressa de todos. Atualmente dizemos se não está no “google não existe”. Temos de aprender a conviver com a velocidade das informações. Embora essa relativa liberdade e poder de comunicação sejam tanto útil quanto nefasta e mesmo meritória, do ponto de vista humano.
Como adquirir escrúpulos e continuar a trapacear? Com referência explícita ao enorme poder da comunicação, em uma referência específica a uma concepção cristã da verdade e do que é correto. Claro que não se trata de defender posições religiosas, mas conhecer e compreender os valores com os quais nos identificamos. Não sendo necessária defesa apaixonada das preocupações sagradas.
É um sonho que o conhecimento sempre nos leve ao poder, nem por isso deixa de ser verdade que a lucidez conduz à aquisição de controle, disciplina, desenvolvimento, civilização. Não necessariamente nesta ordem. Em termos de comunicação, na era global, as ferramentas dão-nos um arsenal demoníaco. É algo completar para as pesquisas de comunidades, instituições sobre as quais os jornais e as pessoas trazem informações diárias, especialmente em sentido comparativo entre o que um atesta e outra nega. É um tanto bizarro, quando descobrimos a mentira, pois ela é sempre algo deplorável. Devemos ter cuidado com esse arsenal demoníaco...

sexta-feira, 5 de junho de 2009

NOIVAS DO CORDEIRO; Um Cenário Teatral e Cinematográfico

"Não ignoro que a natureza invejosa dos homens, sempre prontos a criticar e lentos a elogiar a ação dos outros, torna toda descoberta de novas ordens e modos tão perigosa para seu autor quanto é para os navegadores à procura de mares e terras desconhecidas. No entanto, animado por esse desejo, que me leva sem cessar a fazer o que é vantajoso para todos, me determinei a abrir uma rota ainda não trilhada, na qual, sem dúvida, terei muita dificuldade de caminhar" (Maquiavel)

Ainda no ano de 2005, Noiva do Cordeiro era apenas um local que em Moeda as pessoas não comentavam e nem sabiam que existia, apesar de estar há 22 km de distância. Contudo, após as atividades iniciais em Chacrinha dos Pretos, surgiu o convite da Secretaria de Cultura e Prefeitura de Belo Vale para serem realizadas atividades na Sede do Município, então, começaram surgir burburinhos sobre um local encantado, que os jovens da cidade falavam. Estavam falando sobre a Vila de Noiva do Cordeiro. Bruno Johnny, um jovem ativista da ASMAP, foi quem primeiramente tomou conhecimento deste tão "atraente" local. Por sua idade e simpatia, os jovens para agradá-lo, mencionaram o local, como que dando mostras de uma amizade por ele, com dicas para diversão. Entretanto, justamente pelo tipo e natureza do seu trabalho na região, na monitoria de estudos antropológicos, os comentários deixaram de ser apenas algo jocoso e interessante ou divertidos, mas sim, motivo de preocupação; imagine-se que todos os visitantes que viessem à Belo Vale fossem convidados a visitar um "prostíbulo a céu aberto", como a idéia era transmitida. A cidade com certeza estaria atraindo visitantes cada vez mais indesejados, à procura de turismo-sexo-droga. Esta é uma combinação certamente geradora de vários tipos de violência, com em várias regiões. Eis os motivos para que novas informações fossem tomadas para uma discussão antropológica sobre as implicações deste costume; com preocupações profissionais e cidadania. Restava agora conferir se realmente estavam falando de um "prostíbulo" e o que fazer com a informação. Nas primeiras sondagens, os moradores que demonstravam seriedade foram perguntados sobre o este local; alguns afirmaram que realmente alí funcionava um prostíbulo e que o local era demoníaco. Uma senhora evangélica atestou que o "Satanás" estava sempre presente no local e às vezes poderia ser visto materializado, outra jurava que eles estavam envolvidos com toda sorte de criminalidade, que ela fez questão de enumerar - incesto, drogas, pedofilia, e arruaças. Ouvir e não imaginar foi praticamente impossível, e impressionava a maneira com se expressavam - com muita veemência. Por fim, e de modo distinto, surgiu uma informação contrária, quando jovens alunos, Breno Moura e Maxwel, disseram que não era verdade o que falavam, pois eles, no dia 06 de junho de 2006,fizeram uma excursão com moradores de Noiva do Cordeiro e foram convidados para entrar, sendo recebidos com mesa farta de doces e muitos sorrisos de simpatia. Certamente, com o tanto de informações negativas, não foi o suficiente para acreditar piamente. Outros foram perguntadas e estas últimas reforçaram a idéia de que o prostíbulo não existia.
De modo concreto poderia supor uma alienação ou mesmo um sentimento de humilhação, por parte do moradores daquele local, e que de algum modo havia um conflito entre os grupos de pessoas que se opunham a eles. As informações iniciais fariam surgir quadros mentais, cada vez mais negativos, e pode-se supor o que poderia causar em aventureiros procurando testar suas habilidades. A partir de Moeda as informações sobre Belo Vale eram muito mais associadas a antigas rivalidades do que pelo seu rico patrimônio histórico e cultural, logo todo cuidado seria pouco. É evidente que certos comentários estimulam até as mais lentas imaginações; no caso do pesquisador de campo, experimentado, precisa ter uma mente disciplinada, para não ocorrerem associações de idéias equivocadas. O que não aconteceria com o visitante comum em busca de satisfações e prazeres.
O assunto desde então despertou controvérsias, e está muito longe de ser pacífico. Depois da primeira visita ao local em 28 de agosto de 2006, com o convite para pernoite, surgiu um compromisso profissional de auxiliar a comunidade a combater a onda de boatos e cartas anônimas que sempre e mais envolviam elas em intrigas e perversidades sexuais. O cenário inicial foi profundamente perturbador, com o modo de recepcionar, na entrada do casarão mais novo, onde pouco a pouco foram surgindo pessoas, a maioria mulheres jovens, sempre em grupos. Sem qualquer insinuação de nenhuma delas, somente gentilezas. Posteriormente ocorreu o convite para explicações detalhadas sobre a Antropologia da Comunicação e o que seria possível para usar esta tecnologia a favor da comunidade. Deu-se início a Mobilização social, com a organização de atividades comunitárias que não havia para a ampla maioria. Com a observação participante, cada vez mais acentuada, surgiram novas e proeminentes idéias sobre o local, e as razões que inspiravam comentários maldosos. Foram realizadas palestras e convidados profissionais para auxiliar. A partir de Moeda foram organizadas ações práticas, e estiveram intensamente envolvidos o jovem Renato (comerciante conhecido como Chico, pelas suas habilidades de comunicação e engajamento), também servindo de conselheiro o senhor José Maria dos Santos (José dos Óculos). Posteriormente, outros participaram de modo direto e indireto.
Os comentários eram certamente difíceis de combater se não houvesse uma mudança atitudinal por parte dos próprios moradores de Noiva do Cordeiro, que até então resistia inclusive a aceitar o nome do povoado pela associação com a Igreja que eles rejeitavam. A comunidade não demonstrava unanimidade e logo surgiram os primeiros focos de resistência, e acontecimentos difíceis de contornar. Tornou-se possível reconhecer que o grupo A exercia poder sobre B e C, com o grupo D apenas surgindo em momentos de confraternização e feriados prolongados. Com as reuniões, palestras e oficinas realizadas, uma série de medidas foram tomadas pelo grupo A, inclusive com avisos e expulsão punitiva. Momentos tensos no início do ano de 2007, e estudos investigativos intensos, no cartório e delegacias. Havia realmente algo intrigante e fenomenal no passado histórico da comunidade, assim como uma vontade suprema de mudanças e aceitação social.
É muito lógico, e de acordo com os recentes dados, acreditar que havia um caráter fenomenal nos acontecimentos do passado. O que nos interessa presentemente não é o que as pessoas comentaram, imaginaram, ou interpretaram, mesmo que sejam citados, mas certamente o que fez este rompimento extraordinário, deles, fiéis da Igreja Noiva do Cordeiro. Como suportaram as mudanças e o que influenciou nas suas mentes, fazer justamente aquilo que antes eles eram educados a crer que se tratava de "práticas demoníacas"?
Obviamente as mudanças radicais e repentinas desempenharam, pelo conjunto de ações, e explicitamente no detalhe da transgressão contra as suas próprias normas, naquele período. Seria possível transformar o local sacramentado da Igreja,denominada, Noiva do Cordeiro, tida como a mais verdadeira, sem ocorrer quaisquer alterações nas mentes deles? Como suportaram as mudanças? Ficou mais ou esclarecido que estavam deixando um modo rígido para outro menos opressor. No entanto, quais seriam as mudanças espirituais que sofreram? Para os vizinhos e religiosos da seita que continuaram fiéis, mesmo sendo uma minoria, a transgressão era um insulto à ordem existente, com sérias implicâncias nas suas relações. Numa palavra, para qualquer religioso próximo, e suponhamos, que todos nós que estamos lendo este artigo, fóssemos profundamente religiosos, eles passariam a ser vistos de maneira distinta e censurável. O acontecimento arrastou o pensamento, durante muito tempo, a hipóteses as mais desconcertantes.
A escatologia cristã incorporou a doutrina quiliástica (uma seita judaico do século I, milenarista), com a expectativa da presença divina e salvífica, para combater as trevas e Satã, com suas forças tenebrosas. De um lado os cristãos defendem a beatitude contra a profanação satãnica e orgiástica, pelo combate à poligamia, divórcio, concubinato, incesto e toda sorte de perversões sexuais. Atesta-se e muitos concordam que o cristianismo trouxe civilização aos povos. Qualquer rompimento drástico com esses regulamentos gera conflito e fere a ordem. Considerações que pode-se supor foram tratadas pelos que discutiram essas mudanças repentinas e transgressoras. Os vários processos judiciais ocorridos naquele período dão sinal de que havia tensões e divergências contundentes. Pode-se com isto dizer que a Comunidade Noiva do Cordeiro não é o céu e tampouco o inferno. Há uma clara distinção entre um grupo e o outro, e certamente os religiosos mais apaixonados seguem ao pé da letra os versículos bíblicos. O que fez ocorrer esse tratamento cruel contra as mulheres, em especial, pela afirmação de que as moradoras do local são "prostitutas".
A raiz da maioria dos erros dos "pesquisadores de gabinete" é o fato de que fazem visitas simpáticas, como se fosse papai-noel, sempre diante das luzes e holofotes das festividades coletivas. Poucos estão prontos e se dispõem conviver intensamente com essas populações. No caso de uma reportagem com o tempo corrido de uma redação é ainda pior e mesmo durante dez dias o que um repórter poderia ouvir e saber depende do tanto que esteja disposto trabalhar par colher todas as opiniões referentes a um mesmo assunto. No caso, dessa comunidade até o momento nenhuma reportagem procurou os mais ferrenhos opositores deles para ouvir o que tinham para dizer. Não por estarem distantes, pois, embora isolados, residem dentro do vilarejo. Durante os estudos etnológicos foram entrevistados e conferidas muitas de informações; análogo a um inquérito policial.
Com um esforço de ser compreendido e na busca de uma autoridade melhor, podemos nos ancorar em Sócrates, na República de Platão, após fazer o elogio da verdade, declara de modo categórico: "Cidadãos, vós sois todos irmãos. No entanto, Deus vos constituiu diferentemente. Alguns dentre vós possuem o poder de comandar, e em sua composição, ele misturou ouro; donde o fato de possuírem também o direito às mais altas honrarias. Outros foram feitos de prata, para serem auxiliares. Outros, enfim, que são os lavradores e os artesãos, foram feitos de cobre e de ferro". Evidentemente que o acima exposto está em contraposição às observações superficiais, sobre essa apaixonante comunidade, ao que pensam aqueles que somente conheceram, de forma artística,os moradores e seu cotidiano. Aliás, uma herança espetacular, muito provavelmente um ato substitutivo dos ritos religiosos anteriores, é o teatro praticado pelos moradores da Vila Noiva do Cordeiro. Muitas vezes foram capazes de grandes surpresas, encenações com choros e risos convincentes. Não é de duvidar que possa ser encontrada alguma revelação artística entre eles.
É necessário uma retificação e manter o respeito à verdade, sem ferir os preceitos éticos, seja da reportagem, do comentário, do documentário, etc. Com efeito, deve-se esboçar uma problemática própria que o assunto requer, sem permitir que equívocos prevaleçam, assinalando o que é e o que não. É por uma espécie de reconquista do fundo não objetável do homem que pode ser compreendida a legitimidade de que a pesquisa e observações sobre Noiva do Cordeiro estejam para além dos sonhos paradisíacos e utopias inimagináveis. Pelo acima exposto, está claro que é necessário ser discutido tudo que cerca o acontecimento fenomenal de quebra do tabú contra o sagrado, depois disso os princípios organizativos e adaptação às fortes mudanças que ocorreram. Sem as lentes róseas do romance e excessivo humor, ou a desaforada rejeição, pois a vila de Noiva do Cordeiro é ainda um cenário teatral e cinematográfico, muito apropriado para o cinema e televisão.

terça-feira, 19 de maio de 2009

A Noiva do Cordeiro no Vale do Paraopeba;

“Com todas as nobres qualidades que possui, a simpatia que sente pelos mais fracos, e benevolência com que trata os seus semelhantes e as mais humildes criaturas vivas, o seu espírito de traços divinos que chegou a penetrar nos mistérios da constituição e dos movimentos dos corpos do Sistema Solar – com todos esses exaltados poderes, o homem ainda guarda, no seu corpo, a marca indelével, de sua primitiva origem (Charles Darwin, 1871)”.

Os artigos postados dentro deste blog não são e nem serão apenas relacionados, única e exclusivamente, com a Comunidade Noiva do Cordeiro. Esta é, de certo modo, a mais recente pesquisa, que ocorre desde 1999. Está entre outras igualmente importantes. Foi o mais recente exercício científico, com estudos etnográficos e mobilização social, desde 2006-2008. Práxis com anuência dos moradores, que forneceram hospedagem contínua, alimentação e transporte, e ampla liberdade de investigação. Fato que resultou no acervo que hoje é composto por 8.347 laudas de computador, entre textos, entrevistas, além de 5.800 fotos, algumas doadas por colaboradores. Ao contrário do que muitos poderiam pensar não é um produto de atividade egocêntrica, e por isto mesmo foram adotadas medidas que facilitasse a compreensão ampla dos moradores do local. Há uma contrapartida que favorece ambas as partes. É amplamente comentado a nova condição dessa comunidade que antes de 2006 era alvo de comentários e intrigas maldosas e esteve assim, atentamente observada e orientada durante o período de envolvimento direto com os acontecimentos locais. Os estudos foram realizadas a pedido e convite de Rosalee Fernandes Pereira e Delina Fernandes Pereira (lideranças locais, com a mais transparente relação possível entre as partes. O marco inicial para combater a idéia popular de que todas as mulheres de Noiva do Cordeiro eram "prostitutas" foi dado no dia 21 de outubro de 2006, numa palestra para vizinhos do município de Belo Vale (Palmital, Lages, Costas). Desde então, diferentes medidas foram tomadas, com anuência dos moradores, e alguns casos de forma rigorosa, para marcar a diferença entre um período e outro. Durante os estudos investigativos nunca ocorreu qualquer fato que justificasse crer que em Noiva do Cordeiro existisse prostituição. Do mesmo modo, não foram registradas ocorrências de quaisquer atos preconceituosos contra os moradores. No lugar de preconceito foram registrados fatos comprobatórios de rejeição; o leitor deve estar ciente de que todo preconceito é uma rejeição e nem toda rejeição é um preconceito. Há uma clara distinção entre o documentário Noivas do Cordeiro (exibido pela GNT)e o que é mencionado nestes recentes artigos. O documentário foi realizado durante dez dias consecutivos, com a beleza artística e habilidades jornalísticas, que são inteiramente diferentes dos propósitos científicos, de etnologia, realizados intensivamente durante 02 anos. Não concordar com um item ou outro, não significa destruir o que já foi feito pelos profissionais deste empreendimento; nenhuma obra humana é perfeita. Os artigos do Belo Vale Cultura e Pesquisa Científica, embora sujeitos à má interpretação de alguns, malícia de outros, e ainda superficialidade de outro número de leitores, não foram redigidos com malevolência e desrespeito às diferenças e separações que existem entre as pessoas. Os profissionais em pesquisa de campo devem compreender as diferenças que existem no círculo interno das relações íntimas, que está dentro do círculo das relações particulares, e este último dentro do círculo das relações sociais e antes das relações públicas. Evidentemente, não é uma publicação completa nos assuntos exaustivamente estudados, por isso sujeita a falhas. Mas certamente o leigo não precisa ser um gênio para entender o que é exposto, tanto quanto a equipe encontra-se disponível para esclarecimentos e correções.
Os estudos etnográficos foram realizados na análise do grupo de Noiva do Cordeiro, em suas particularidades, visando à reconstituição, tão fiel quanto possível, da vida de cada um deles, com dedicação ao conhecimento exaustivo da cultura material e imaterial. Com ênfase nas inter-relações dos indivíduos e meio ambiente, e a subcultura, na tentativa de compreender a operosidade e mudanças ocorridas. Estudos intensivos de observação participante e ampla cooperação dos informantes voluntários da comunidade.
A pesquisa historiadora se apossa de todo documento como sintoma daquilo que o produziu (dados estatísticos, historiográficos, registros em cartórios, fóruns, delegacias, etc.). O termo “história” sugere uma particular proximidade entre a operação científica e a realidade que ela analisa. Nisto, os registros dos acontecimentos são excelentes instrumentos para esclarecimentos e reconstrução do passado. Discutindo, pormenorizada e saudavelmente, para a construção de uma cidadania digna. Análogo ao proveito, menos discutível do divã psicanalítico, que é tomar consciência (=ciência), pela reconstrução do passado, de como se chegou a adquirir certas atitudes e formas de respostas. Não se pode reduzir os fatos históricos a peças, em termos de significados subjacentes. Fazê-lo é uma irresponsabilidade com tudo que existe de mais rico no Patrimônio que é Noiva do Cordeiro. Qualquer estudioso que seja interessado pela representação deste grupo sui generis no município de Belo Vale deve ser responsável, honesto e empreendedor, numa busca incansável pela resposta consistente, dentro de uma idéia concatenada. Os Oportunistas certamente serão sempre estorvos. Nunca antes havia sido historiografado o enigma dos acontecimentos em Noiva do Cordeiro, antes da investida profissional do Purbasiun Vitae Project - Intelectual Ecology & ASMAP, e somente após o release enviado para a redação do Estado de Minas, com a posterior matéria do jornalista Gustavo Werneck.Os estudos investigativos foram muito além das intrigas de adversários políticos, brigas de vizinhos ou de namorados. Trata-se, pois, de um estudo detalhado e auxiliados por diferentes instituições que prestaram relevantes serviços, seja em Montes Claros, Belo Horizonte, Belo Vale, Japaraíba, etc. Os fatos envolvendo a comunidade de Noiva do Cordeiro no Vale do Paraopeba são ricos e é relevante recompô-los, contextualizá-los, e, fazê-los mais significativos quanto inteligíveis. É preciso distinguir o que é histórico, história das mentalidades, "fofocas", folclore, micro-história, mito e a análise ali contida. Há uma crença entre os leigos, de que a atividade científica se propõe a representar um sistema de Verdade Absoluta. Um equívoco, pois as pesquisas científicas não podem obedecer aos cânones neolíticos, e admite mais facilmente a heresia científica do que ao dogma científico. Trata-se de um estímulo à criatividade, originalidade e ecletismo do pesquisador científico. Este último nunca deve ser moldado a doutrinas fixas, muitas vezes ingênuas, bizarras e ainda pior quando são mentirosas.
Ciência é uma palavra usada por muitas pessoas de modos diferentes e equivocados, se não se refere ao que é provado, no contexto da realidade objetiva, deixa de ser ciência, torna-se ficção e reforça a mentira e fofoca. Ciência para algumas pessoas é sinônimo de aventais brancos, laboratórios, etc., outros imaginam apenas a tecnologia. Que pena muitos não sabem o que é ciência. Deve-se salientar que a prática laboriosa e científica não deve ser para corroborar preconceitos e tampouco deva se furtar aos detalhes que, embora desagradáveis, facilitem ao entendimento. Na prática, não é nem mística, nem pura, mas deve ser um compromisso entre o possível e o ideal, sempre busca a honestidade.
Pesquisas por coerção (subentende-se vínculos emocionais de parentesco, oportunismo e interesses puramente comerciais) produzem fraudes “científicas”, trapaceiam a verdade e desorienta outras pesquisas. Sendo fundamentalmente uma atividade racional e objetiva, deve ser capaz de resistir a uma avaliação racional e objetiva. Os aspectos que não sobrevivem à crítica, provavelmente, não deverão continuar fazendo parte do empreendimento científico. As pesquisas são freqüentemente realizadas para permitir enunciados descritivos sobre alguma população. Isto é, descobrir a distribuição de certos traços e atributos. E ainda existe o objetivo adicional , além da pesquisa quantitativa, de fazer asserções explicativas sobre a população, ou um fenômeno e acontecimento. Explicar quase sempre requer análise “multivariada” – exames simultâneos de duas ou mais variáveis. Significa ter conhecimento das variações dos desenhos básicos, amostras paralelas, estudos contextuais, sociométricos, etc., e nunca negar o erro amostral. Uma pesquisa de campo, quando realizada de maneira profissional, inteiramente diferente das “pesquisas de gabinete” ou aquelas realizadas nos finais de semana, nas férias e ainda durantes festividades e encenações. O verdadeiro pesquisador, seja um professor, bacharel, graduado, acadêmico ou reitor, e até mesmo o amador, pode fornecer grandes serviços, se o fizere de maneira séria e empreendedora. Se for ao contrário, nunca serão suficientes os títulos e cargos para dar conteúdo aos trabalhos medíocres e tendenciosos. Uma pesquisa de campo, nos estudos de antropologia, pode transcorrer durante décadas, e o profissional desta área muitas vezes submete-se às mais diferentes situações; pesquisas em prostíbulos, penitenciárias, favelas, etc. É algo complexo e raramente exibe beleza artística, pois o profissional é um clínico geral das sociedades. Quando intervém pode também apresentar remédios amargos. Não tem o glamour dos palcos e televisão, mas não é inútil. No Vale do Paraopeba os trabalhos foram e tem sido sempre mais e mais extenuantes, e ocorrem em regiões de difícil acesso. A metodologia geralmente empregada foi histórica, estatística, ecológica, dedutiva e “case-study”.
Os modelos simples e incompletos, por isso mais facilmente enganosos, estratégia adotada por aventureiros e oportunistas de plantão. Nestes casos, não conseguem ser descritivos dentro de um contexto sócio-histórico. O que é aviltante, mas infelizmente comum, em lugares, tais como o Brasil, que muito pouco faz para o desenvolvimento das ciências. “Nada é mais essencial a uma sociedade que a classificação de suas linguagens” (R. Barthes). Malinowski foi um dos primeiros a reagir aos estudos de gabinete, por serem inexatos e insuficientes, especialmente, se forem estudos provenientes de aventureiro-turistas não treinados para o exaustivo trabalho de pesquisa de campo.
Trata-se de um estudo meticuloso e autêntico que não foi demonstrado numa contra-vontade negativa, na forma de obstinação e resistência, teimosia ou artimanha com base emocional; muitas vezes defendemos nossa mãe e irmãos, mesmo quando cometem erros. Certamente, se a maioria das pessoas inclina-se a adotar o mais fácil e, em certo sentido, menos exigente, ainda que seja um tal modo desastroso a curto, médio ou longo prazo. Isto não quer dizer que seja o melhor caminho; muitas pessoas evitam a crítica e autocrítica. Todos devem saber que um resultado isolado, erguendo-se sozinho, é sempre possível tornar-se mais e mais falho. Contudo, as teorias, resultados científicos e historiográficos forma uma teia, e não uma cadeia. Em Noiva do Cordeiro a observação participante foi dinâmica e sistemática, com diferentes atividades no cotidiano, na forma de implementação organizacional, de acordo com o que foi discutido amplamente. Daí a possibilidade dos estudos dessa subcultura, na sua lógica cultural e busca do foi possível conhecer da cultura oculta. Neste ponto, o estudo da cultura (comportamento) envolve, pelo menos em parte, a comparação, a classificação, e análise científica desses fenômenos. Algo diferente de uma simples opinião, pois discorre sobre uma teia de significados. Certamente, se a citação sobre o período de transformações que ocorreram, no povoado de Noiva do Cordeiro, pode fazer com que as pessoas compreendam pela descrição parcial da ocorrência. É evidente que o termo “criança”, utilizado nestas postagens, é associado ao sinônimo de “inocência”, comumente utilizado em língua portuguesa. Do mesmo modo a observação contínua do cotidiano (2006-2008) permite afirmar que o teatro é uma atividade substitutiva dos ritos religiosos anteriores, dos tempos da Igreja Noiva do Cordeiro, somente comparado à paixão e esforço com que tratam a Associação Comunitária Noiva do Cordeiro; algo elogiável. Concordar com as habilidades artísticas e união fervorosa, com ressalvas, é uma coisa. Contudo, seria sempre ingênuo considerar que as lágrimas e lamentos artísticos sejam fruto de um sofrimento profundo. Do mesmo modo seria estúpido negar que mulheres ofendidas no âmago de suas almas não têm motivos para sofrerem com o que é para elas uma humilhação. Mas há uma diferença entre sentir-se humilhado e a intenção clara de humilhar. Existem diferenças siderais entre as pessoas que certamente provocam destaques para uns e eclipsam outras, para o orgulhoso uma situação humilhante. Preconceito é sempre algo repulsivo que muitas culturas produzem, e mesmo a vítima não tem direito de praticá-lo. Preconceito é fruto de ignorância. Contudo todos têm direito de rejeitar o que não agrada, desde de que não seja por preconceito.

domingo, 10 de maio de 2009

ONDE HOJE É O BAR, ANTES ERA A IGREJA NOIVA DO CORDEIRO

Rebelião dos fiéis
em busca da felicidade na terra


A ambigüidade da palavra rebelião definiu com clareza o acontecimento inusitado entre os antigos fiéis de seita fundamentalista. Se realmente Maria Senhorinha de Lima, antiga moradora de Roças Novas de Cima, foi excomungada oficialmente ou mal falada pelo seu ato transgressor da norma e costume, importa menos. É claro que algo aconteceu pois deveria acontecer, se uma mulher rompesse com o casamento e fosse morar com outro; atitude corajosa mas transgressora. Os grupos de pessoas religiosas da época devem ter provocado constrangimentos, com os comentários e tratamento dispensados a essas pessoas.
Quando Ramiro Vicente, o filho dela, voltou de São Paulo para a região , convertido à Igreja Batista, com certeza veio com um discurso novo, de um cristianismo salvífico que o catolicismo não representava mais. Neste ponto é absolutamente compreensível a ação libertadora, pois a condição de inferioridade religiosa, diante do ser Onipotente, causava sofrimento. A conversão da maioria, e a construção de uma Igreja Batista era um enfrentamento e busca de libertação da situação desagradável.
Anos mais tarde quando o Pastor Anísio Pereira fez surgir uma dissidência religiosa, com sua seita recém elaborada, sob o nome de Noiva do Cordeiro, até aí, tudo perfeitamente normal, relevante, mas comum. Seitas, igrejas, templos, etc., surgem constantemente. Entretanto, com o ato ainda mais surpreendente, num espaço de tempo tão curto (é inegável que em termos de história, 100 anos é o equivalente a poucas horas). Um fenômeno raro foi o fato de os fiéis dessa seita romperam com o antigo sistema, abandonando radicalmente o que pregavam antes com fervor, com elas mesmas discursavam contra as “coisas desse mundo” denominadas mundanas ou do demônio.
Romper com a religiosidade e manter-se firme, quer dizer de algum modo não praticando atrocidades, tais como o fizeram os escatologistas das seitas de Jim Jones e David Koresh.. Que foi uma quebra violenta de tabu, isso foi. Também foi uma bravura escandalosa, que para os religiosos é absolutamente aviltante. Essa rebelião simbolicamente representava a tão almejada independência e satisfação dos desejos carnais. A posse definitiva da vida terrena, mas do que a vida eterna. Daí o confronto de opiniões e conflitos entre aqueles que se rebelaram e os outros que permaneceram e permanecem religiosos, residindo dentro da Vila de Noiva do Cordeiro. Dessa luta entre as partes ocorreram muitos atritos, processos e ocorrências policiais. (No período de 2006-2008 os ativistas do Purbasiun Vitae Project – Intelectual Ecology e ASMAP empreenderam-se em grandes esforços para trabalhar com as duas partes, um dos mais desgastantes exercícios de tolerância e profissionalismo, que provocou grande estresse, mas forneceu muitas informações para o entendimento desse processo de relações humanas conflituosas).
A condição mental e física daqueles que se sujeitaram, durante anos aos regulamentos religiosos, próprios mas demasiadamente austeros, provocava tensão e conflito interior. O rompimento decisivo com o modo de vida anterior é um ato de extremo significado e distinção. Para prosseguir, tiveram de testar suas realizações novas e importantes, pouco a pouco, incorporando-as ao prosseguimento de uma experiência de vida total.
Ressaltando as características novas que adotaram, foram pouco a pouco criando um ato novo de ação, com uma comunidade distinta. É fato que desenvolveram uma autoconsciência social com a angústia e o sentimento de culpa, ao mesmo tempo, própria daqueles que se encontram em duas fases, e transição. Não é fácil enxergar as modificações psicológicas essenciais e o que caracterizaram cada uma delas, pois seguiram mais ou menos um princípio de desenvolvimento. A vida emocional dos moradores teve uma reorganização profunda, e a bem da verdade, não se pode negar um conhecido estado caótico. Elaboraram suas defesas para salvaguardar a integridade do grupo. Várias dessas manobras defensivas acabaram sendo de valor adaptativo, facilitando a integração das suas inclinações, talentos, faculdades mentais e ambições. As tantas tendências forjaram o que constitui a vida adulta desta comunidade, ao menos em parte.
DA TRANSIÇÃO À IDENTIDADE DEFINIDA – O acontecimento em Noiva do Cordeiro é um fenômeno inigualável, digno de estudos profundos e análise, é aconselhável que todo acadêmico que visita, realiza pesquisas, seja de um dia, uma semana ou por um mês, que durante dois anos consecutivos, em observação-participante, muitas lacunas ficaram sem ser preenchidas e grandes surpresas ocorreram, o que não aconteceria num período curto de convivência. Nos estudos etnográficos destacam-se as condições de vida e o que realmente celebram como Bem e Mal, o que significa para eles – respeito, fidelidade, felicidade, justiça social, religiosidade, etc. Para um estudioso de história e antropologia dentre outros profissionais, o acontecimento fenomenal teve, tem e terão grandes efeitos nas vidas deles. Não foi um simples ato de deixar de fazer algo ou fazer. Trata-se de romper com regulamentos onipotentes.
Toda mudança requer uma vontade maior do que a anterior. No caso específico do religioso convivendo dentro dos limites da sua comunidade, com um mínimo de comunicação com o mundo exterior, ao menos em relação à Sede que pertencem, a sobrevivência foi espetacular, pois viabilizou modos e maneiras mais eficientes. Adiantaram nos modos comportamentais pelo constante convívio com os habitantes da metrópole e norte de minas. O que distanciou ainda mais dos costumes provincianos da zona rural de Belo Vale. Evidentemente, que ao se falar de relacionamento entre pessoas de crenças diferentes, em muitas das vezes é normal e sem maiores problemas. No Brasil não existe conflitos religiosos com violência física, costumeira. Mas existe uma violência implícita em que certos grupos se consideram melhores nas suas escolhas religiosas.
No caso dos seguidores da Noiva do Cordeiro foi um rompimento corajoso, um acontecimento excepcional. Paradoxalmente, uma libertação do que os havia libertado anteriormente. Havia uma pressão interna e externa que impedia a tradição do protestantismo. Com o fundamentalismo da seita a proposta era ainda mais árdua. Os filhos do pastor, considerados seus herdeiros nas obrigações de exemplo e religiosidade, estavam numa faixa etária de grandes expectativas, não conviviam confortavelmente com o sistema da doutrina. Uma das moradoras disse que: “... não concordava com o que o Pastor dizia, nem queria ser uma “santa” (na acepção penosa de abnegação e sofrimento). Queria fazer coisas boas, melhorar a vida, viver neste mundo, dentro dos limites deliciosos do mundo. Ela queria muito o bem para seus irmãos, primos, e todos os vizinhos, ganhando dinheiro. Ela enfatiza dizendo que nunca foi do tipo rebelde que as pessoas pudessem pensar que fosse excêntrica. Sempre foi de iniciativa com mente funcionando para pensar e com o coração procurando felicidade.” Havia um tom de fanatismo, com as obrigações que era, evidentemente, vexatório para os jovens e adultos. Havia uma série de restrições e regulamentos rígidos. Eram proibidos de quaisquer práticas de jogos, não eram aconselhados trabalhar com vínculos trabalhistas, não era permitido relação pré-marital, não era permitido ter vícios. Também existia o “Chamar no meio”, que era um modo de manter a disciplina, fazendo com que a pessoa que houvesse cometido um erro fosse chamada a atenção publicamente. Faziam um círculo e a pessoa ficava ajoelhada, no centro.
Pouco a pouco, com a mudança e discussões entre eles, estava surgindo uma resistência silenciosa muito antes do rompimento total. Talvez tudo tenha começado de forma suave e aparentemente inocente. Conta-se que dos filhos do pastor Anísio, desenhou todas as cartas de baralho, num papel, depois recortou. Os jovens começaram a jogar escondido. Interessante, que esta é uma das formas mais curiosas de passatempo entre os moradores. Raros são os que não passam horas a fio jogando, nos momentos de folga. Muitas vezes cartas de baralho, outros no computador recém-chegado na comunidade.
Com a idade avançada do Pastor Anísio, os filhos possíveis sucessores e os demais seguidores começaram a discutir o estilo de vida, e sem planejar ou saber, estavam começando a realizar uma mudança revolucionária; fato acontecido há vinte anos atrás. Ninguém ainda não sabia da importante história da Maria Senhorinha de Lima. É incrível a coincidência, pois quase cem anos depois, estavam fazendo algo semelhante ao que ela fez. Eis o que existe de espetacular para os estudos antropológicos. Discutiram principalmente o jejum. Contaram-nos que não era fácil obedecer. Havia pessoas que enganavam o regulamento de purificação e beliscava comida na cozinha. Muitos sentiam tontura, mal estar físico.
Pouco a pouco a ordem das coisas foi sendo mudada, diminuindo os dias de jejuar. Depois diminuindo as horas de jejum e por sua vez surgia a liberdade de somente alguns, por conta própria, ficarem sem comida. Estava começando a Rebelião dos Fiéis. De uma coisa para outra foi um pulo, e logo estavam sem os ritos da religião cheia de mágica para transformar em santos os seus crentes. Tudo aconteceu no espaço de tempo de um ano.
Estavam saindo da santidade para viver a condição deliciosa de humanidade, com os defeitos e qualidades desta vida na Terra. Queriam a vida, e viver esta vida com tudo que mereciam ter dela. Por dentro, começava uma era de novas descobertas, parecidas com as dos adolescentes ficando rebeldes para viver o prazer dos adultos. Um desejo de liberdade que, evidentemente, não sabiam usar com as habilidades que o jovem, desenvolvido a contento, parece saber melhor. Adolescentes quando estão passando da idade da inocência para a vida de adultos, fazem muitas estripulias. Os fiéis libertos, neste ato de rebelião, assemelharam-se a adolescentes, e começaram a beber, fumar, dançar forró e fazer muita farra. Era uma alegria de criança em corpos de adultos. Um dos mais infelizes atos dos moradores é o tabagismo e alcoolismo.
Algo complicado de se entender com algumas poucas e simples palavras. Fato constrangedor e mesmo perigoso de se falar com palavras bonitas, mas que não respondem verdadeiramente. Religião é assunto difícil de discutir, e todos deveriam estudar o assunto para não ser enganado, ou pior ainda, para aproveitar desta prática e suas inúmeras vantagens. Negar é fácil. Difícil é fazer a negação sem parecer ingênuo no argumento. Por isto mesmo, é intrigante o acontecimento religioso. Todos devem saber que os regulamentos impostos aos crentes fazem com que estejam sempre dispostos a defender suas idéias, pensando falar em nome de um Deus Especial. É possível que muitos se sintam melhores que outros não-religiosos.
VIVER NO MUNDO DE CIMA OU ÀS MARGENS? Para um católico romper com o catolicismo e converter-se ao protestantismo é perfeitamente concebível. Ao contrário, um protestante converter-se ao catolicismo é algo extremamente raro. Protestantes mudam de seita protestante para outra igualmente protestante. O católico tem uma relativa facilidade para aceitar os cultos, inclusive de espiritismo, sem maiores constrangimentos. O mesmo não ocorre com o evangélico. Carl G. Jung, em Psicologia da Religião, explica de uma maneira clara o que poderia servir para compreender a condição espiritual de Noiva do Cordeiro, e ele diz o seguinte:
O protestante está entregue só a Deus. Para ele, não há confissões, absolvição ou qualquer possibilidade de cumprir uma obra de divina expiação. Tem de digerir sozinho, seus pecados, sem a certeza da graça divina, que por falta de ritual adequado tornou-se-lhe inacessível. Isto explica o fato da consciência protestante haver despertado, convertendo-se em má consciência, com as desagradáveis propriedades de uma enfermidade latente que coloca o homem numa situação de mal-estar. Mas por isto mesmo o protestante tem a oportunidade única de tomar consciência do próprio pecado, em grau dificilmente acessível à mentalidade católica. O católico tem sempre a seu dispor a confissão e a absolvição para equilibrar um excesso de tensão. O protestante, ao contrário, se acha entregue à tensão interior que pode continuar aguçando sua consciência. A consciência, e muito especialmente a má consciência, pode ser um dom de Deus, uma verdadeira graça, quando aproveitada para uma autocrítica mais elevada. Como atividade introspectiva discriminatória, a autocrítica é imprescindível para qualquer tentativa de compreender a própria psicologia. Quando se incorre nalguma falha inexplicável e se pergunta qual terá sido a sua causa, é preciso o aguilhão da má consciência e a faculdade discriminatória que a acompanha para descobrir as razões do próprio comportamento. Só assim pode o homem ver quais são os fatores que o levam a agir de um modo ou de outro. O acicate da má consciência estimula também a descobrir coisas até então inconscientes, tornando possível ao homem transpor o limiar do inconsciente: ele pode assim perceber as forças impessoais que se ocultam em seu interior, convertendo-o em instrumento de assassínio em massa. Ao protestante que sobrevive à perda total de sua Igreja e continua protestante, isto é, ao homem desamparado perante Deus, sem a proteção de muros ou comunidades, é dada a possibilidade espiritual única da experiência religiosa imediata.”


Adiante o mesmo autor diz o que é experiência imediata:
“A vida imediata é sempre individual, pois o indivíduo é o sustentáculo da vida. Tudo quanto provém do indivíduo é, de certa maneira, único e, por isso mesmo, transitório e imperfeito, especialmente quando se trata dos produtos espontâneos da alma como os sonhos ou algo semelhante. Nenhum outro terá os mesmos sonhos que eu, embora se defronte algumas vezes com problemas idênticos aos meus.”
É claro que existe um paralelismo entre os acontecimentos biológicos do crescimento e desenvolvimento social. O biólogo define a infância com base no grau de desenvolvimento orgânico; o psicólogo formula sua definição baseada na do biólogo e no desenvolvimento mental do indivíduo. O estudioso da sociedade dispõe de um campo vasto para decidir o que será a infância da comunidade que estuda. Mas em linhas gerais, por comparação, define o estágio que se encontra, observa e escolhe o termo de definição a partir do que se considera a idade da pedra lascada até a idade do ouro. Não quer dizer que a simples posse do ouro define o grau de cultura.
O ato de rebeldia é um ato de rompimento com o antigo e a busca por satisfação social. Nem sempre o ato rebelde provoca desenvolvimento e melhoria na qualidade de vida. Depois de um ato rebelde nada voltará a ser como antes. Existe um sistema com regulamentos para serem seguidos, que é verdadeiramente o que todos devem fazer, para evitar transtornos desnecessários. O sistema deve ser alimentado com idéias positivas, realistas e mais do que nunca, excelentemente concatenadas, nunca como se fosse uma brincadeira de criança. Certamente são os rebeldes que fazem andar o mundo, mas deve ter juízo o bastante para não reinventar a roda ou ser irresponsável de atrair grandes males a todos, por suas extravagâncias e “criatividade”. O rebelde, deve antes de mais nada, dar bom exemplo e mostrar que sua “rebeldia” tem lógica, apontando o erro que deve ser corrigido. Rebelde sim, mas na acepção de pioneiro e empreendedor, não apenas um aventureiro. Todos devem considerar como de fundamental importância os atos para o mundo de cima; é uma busca incessante de adaptação para melhorar a vida neste mundo, pois quem não está nele, vive às margens ou pior ainda, vive debaixo dele.