segunda-feira, 24 de maio de 2010

NOIVAS DO CORDEIRO; Um Jardim Secreto


O desenvolvimento de assentamentos humanos segue uma lógica de acontecimentos associados às condições ambientais que permitam sobrevivência e interferências humanas, nesse ambiente físico e social. Claro que o ambiente natural e social sempre fornecerá respostas. Esse desenvolvimento ocorre sobre o prisma das condições antropológicas próprias e desenvolvidas durante os anos, certamente, levando-se em conta a ancestralidade. É uma questão séria que não se esquiva da discussão sobre gênero e desenvolvimento cultural. Homem e mulher se completam mutuamente e por vezes pessoas do mesmo sexo procuram satisfação e união que permita a sobrevivência; à parte intrigantes questões de sexualidade, ao menos não são possíveis ignorar o gênero feminino e todas as mazelas a que é submetido.
Fatores diversos, que não cabem nessa postagem, interfiram nas condições de vida humana dos moradores de Noiva do Cordeiro, associadas à diferença sexual quanto comportamento sexual dos moradores, que naturalmente serviu aos muitos dos seus propósitos. Nunca se deve ignorar as mentalidades que circundam nosso ambiente, que estão inseridas no desenvolvimento antropológico.
Nos locais onde ocorrem hostilidades de cunho físico e psicológico, desenvolvem-se padrões adaptados e específicos. Nisso incluem diferentes políticas e crenças que são igualmente modificadas para que ocorram equilíbrio e concordâncias com as forças dominantes. É claro que as pessoas utilizam o sexo como ferramenta de poder, e por vezes de submissão aos que detém esse poder; trata-se de “Sexo e Poder”. Naturalmente, nos ambientes onde existe um consenso de que no – amor tudo vale -, pode-se supor e há de se esperar uma “troca de favores” mediante atos sexuais. Uma verdade nem sempre considerada prostituição. Contudo, nos ambientes onde a sexualidade é prática desregrada, por falta de educação, e certamente onde não ocorrem discussões inteligentes e prolongadas sobre a sexualidade, o risco de acontecerem desvios de conduta e perversidades é sempre maior. O senso comum considera que alguns comportamentos sejam corretos e outros não, o que é convenientemente aceito pela sociedade.
Sim, falar sobre a sexualidade é verdadeiramente discutir as razões, com ou sem precedentes, com as quais teve e ainda tem de lidar os moradores de Noiva do Cordeiro. Todo o acontecimento gerando ações e reações provocaram profundas alterações na mentalidade dos moradores e não se pode dizer que perderam totalmente o senso ou eram e foram absolutamente diferentes dos demais vizinhos, mas sofreram transformações nas suas personalidades. As diferenças certamente estavam apenas no modo aparente de demonstrações e comportamento públicos. O que notoriamente fez destacar as jovens moradoras. Quanto às suas antropomorfias de características européias, que têm ancestralidade. Elas não são fisicamente diferentes das suas vizinhas, pois são tão belas quanto às outras que são suas consangüíneas; as intrigas e conflitos não têm origem nalgum tipo de ciúme e inveja, por complexo de inferioridade dos adversários. Sim, são as jovens camponesas de Noiva do Cordeiro de belas aparências, e cuidam-se com bastante zelo. Não existiriam abertamente esses tais motivos de conflito entre mulheres, pois os comentários de reprovação e por vezes de absoluta excitação sexual advêm dos homens da região. Noiva do Cordeiro, certamente não é um local de desenvolvimento cultural num ponto extremo em comparação com qualquer comunidade da região, trata-se de um local exótico e incomum.
Sobre os costumes sexuais da região, são registrados festividades de grande clamor sexual, muito embora por outro lado ocorram festividades religiosas, e mesmo nessas há expressões fortes de sexualidade. Também existem registros, que influenciam nos costumes em geral, de índice de ocorrências de incesto. Vê-se que não há uma região inteiramente pacífica e desenvolvida que combata fortemente os males de uma sexualidade com desvios, e não se pode generalizar, sem esquecer que não há política pública combatente ostensivamente esse mal, nem tampouco uma cultura de conscientização sobre o assunto. Essa é uma chamada para se faça e com bastante entusiasmo uma ampla campanha contra tais perversões.
Em relação aos moradores de Noiva do Cordeiro a situação é inteiramente diferente, por estarem enquadrados pelas sanções a que estão sujeitos. Muito pior é o fato de que as pessoas tenham se tornado admiradoras deles, baseados em uma história inteiramente diferente dos fatos reais ocorridos na região, mesmo diante de tristes registros. Não ocorreu do modo como a imprensa trata o tema. Temos de aplicar a questão heideggeriana: “Para o que é isto?”...e necessariamente alcançar a compreensão da estrutura simbólica e da representação social da mulher, seja feminina e dócil, aconchegante e maternal ou simplesmente livre e erotizada. De muitas maneiras a mulher está à mercê do universo masculino.
As reportagens não as distinguem senão ilusoriamente o quer que seja necessário da realidade dos fatos. Faz-se necessário que se instaurem pesquisas detalhadas para além da propaganda e ficção documentarista. Existe uma edição rocambolesca, no canal da GNT, com uma pesquisa apressada e passional, ocorrida sem os devidos cuidados exigidos nesse caso. Sim, na edição foram suprimidas importantes declarações de testemunhas que forneceriam detalhes que fortaleceriam e certamente fariam o documentário diferente em relação ao assunto em questão. Pode-se citar um dos importantes colaboradores da comunidade, que fez a primeira visita, em agosto de 2006, com intenções de avisar e fornecer orientações a respeito, Bruno Johnny. Também, sem um motivo aparente, a gravação feita com o morador de Moeda que já freqüentou o local, anteriormente, de nome Renato Nigri (vulgo Chico), foi suprimida. Para completar as declarações que aparentemente oferecem o contraditório são de Wagner, Antônio Resende e José Maria dos Santos, pessoas de pouquíssimo envolvimento com o assunto.
No primeiro momento o entrevistado, de nome Wagner, declarou ter ouvido fofocas que mencionam os desfiles que haviam no casarão, com mocinhas de calcinha e sutiã, também que havia comentários sobre um prostíbulo. O Wagner foi em alguns dos desfiles realizados no bar de Noiva do Cordeiro. Sim, é verdade que se trata de uma declaração baseada nos fatos, muito embora os desfiles, grosso modo, ocorriam com relativa freqüência, no bar onde anteriormente era a igreja Noiva do Cordeiro. (Sobre a prostituição nada há que se comprove, muito embora o termo seja uma forma de marginalização da comunidade pelas atitudes consideradas irreverentes e certamente reprováveis pela cultura e constituição brasileira, com a prática de vilipêndio contra o sagrado). Em relação à segunda testemunha, todas são unânimes de que ele não era amigo ou freqüentador da comunidade, quanto suas declarações não foram verdadeiras, sendo um morador há 25 km de distância do local, enquanto moradores próximos e/ou freqüentadores da comunidade não foram ouvidos. E por último o senhor José Maria dos Santos nunca havia ouvido falar das intrigas, ou jamais esteve na comunidade, não fosse o fato de os ativistas do Purbasiun Vitae Project – Intelectual Ecology terem apresentado pessoas de Noiva do Cordeiro, em visitas à sua casa em Moeda. Ele inclusive, na entrevista, oferece uma resposta evasiva e fora do contexto a que se pretendia formar no contraditório.
Descartes lembra-nos que somos vítimas de duas principais fontes de erros: oriundos dos nossos “apetites” e de nossos “preceptores”. O que certamente nos faz pensar que controle imperfeito dos nossos apetites nos conduz a tudo, menos ao bem estar. O que se pretende com isso é desencorajar as pessoas que costumam reinventar a história, tanto quanto refutar as declarações dos protagonistas que apresentam os fatos sem a devida contextualização ou encenação trivial de lágrimas de um sofrimento até então desconhecido de todos.
O papel importante das – tecnologias de vilas – é de fato essencial. Quando se trata de utilizar materiais baratos disponíveis, frequentemente, vemos interessantes e soberbas obras de puro artesanato. Noiva do Cordeiro é uma vila distinta e desde o ano de 2006 foram encontrados bens materiais distintos da maioria dos vizinhos, com um número de objetos tecnológicos e meios de transporte que facilitam a comunicação. O que invalida qualquer afirmação de isolamento físico ou mesmo de uma vida atormentada por dificuldades. Resolveram essas questões com um modo de vida, inteiramente novo, para os padrões regionais. Sabemos que as sociedades camponesas normalmente sabem adaptar racionalmente seu habitat ao espaço e ao clima, assim como desenvolvem posturas comportamentais geralmente amistosas com os vizinhos, em condições apropriadas. Geralmente os grupos minoritários são absorvidos ou suprimidos, e certamente muitos se adaptam para não “perder a conexão”. A integração ativa dos seus membros aos acontecimentos do século XX e XXI, permite-nos questionar toda a operação ocorrida no decorrer dos anos que não levou a uma extinção. Uma das respostas óbvias é justamente o próprio auto-isolamento e relações com outras comunidades distantes, e mais ou menos próximos, tais como Piedade dos Gerais, Desterro de Entre Rios e outros. Das tecnologias de vilas essenciais para a sobrevivência física e espiritual, a religião é sumamente importante para os grupos de pessoas. A diferença surgiu a partir desse ponto em que os moradores fizeram adaptações inteiramente exóticas a situação sócio-cultural. Os moradores, no decorrer do século, foram incapazes de manter a tradição e transgrediram-na, mediante atitudes indiscutivelmente ofensivas à mentalidade dos vizinhos e mesmo segundo a própria constituição brasileira que assegura o direito e proteção do patrimônio sagrado. Ao que se apregoa, e segundo alguns critérios, as igrejas não são de propriedade particular, mas um bem comum, que goza de privilégios e obrigações inteiramente distintas de uma empresa. O que naturalmente enquadra a seita de Noiva do Cordeiro, os atos cometidos dentro dessa igreja e especialmente a transformação dela em um bar. Obviamente, para uma pessoa que ignora as normas e até mesmo incentiva a desobediência e desrespeito ao que foi, prontamente, tido como correto, o argumento apresentado uma balela desconexa.
O que importa e deve-se ater ao fato de que há necessidade urgente de esclarecimentos e elucidações antes que simples comentários tão similares com as fofocas geradoras de conflitos. Todo público teledependente (viciado em televisão) precisa fortemente ser forte para não tornar-se crédulo a tudo quanto foi apresentado pelos canais de televisão, e naturalmente utilizar as informações para avançar além. Vale ressaltar que o processo histórico de uma comunidade não está separado do seu cotidiano, mesmo após sábias adaptações. Há de se supor que tanto o passado, mesmo a ancestralidade, exerce grande influência sobre as qualidades e os defeitos de um povo. De antemão, é cruel condenar um grupo de pessoas pelo passado, assim como é suspeito o fato de se pretender suprimir ou burlar o público com informações incompletas e descontextualizadas.
As reportagens e documentário sobre essa comunidade pecam por suprir fatos importantes que devem ser mencionados, tais como os esforços desmedidos dos moradores que trabalham duramente no Ceasa, e outras empresas, geralmente em serviços braçais extenuantes, para manter parcialmente o conforto das suas esposas, namoradas, primas, e parentes. Além dos recursos provenientes da aposentadoria de muitos dos idosos que residem dentro dessa comunidade ou em cidades vizinhas. É um bom exemplo de como eles fazem adaptações razoáveis e promovem o bem estar para muitos deles, do mesmo modo é fumegante a idéia do poder emanado a troco de algum fabuloso benefício (por nós desconhecido) que inspira outros contribuírem, mesmo que não se beneficiem diretamente dos resultados obtidos. Precisamos nos concentrar nos detalhes preciosos que constituem os costumes deles e certamente obteremos informações igualmente relevantes para a compreensão das tecnologias desenvolvidas por eles.

terça-feira, 11 de maio de 2010

Noiva do Cordeiro; dimensão sócio-cultural

Não existe aqui a pretensão de estabelecer uma definição completa e absoluta, porém mais satisfatória em relação à realidade da comunidade de Noiva do Cordeiro. Trata-se de uma história envolvente e complexa, que não pode ser vista de maneira simplista, e puramente romântica com ingenuidade própria dessas características. Os moradores convivem com o significado e sentido do lugar, sob uma Representação Social absolutamente singular, e acima da realidade objetiva. Demonstra-nos uma suprema paixão pelos vínculos que mantém com a família, e mesmo uma absoluta dependência do grupo. Tornando-se, na maioria das vezes, frágeis no ambiente competitivo e adverso, fora do local a que estão acostumados. O sentido que dão à família é por vezes confundido com aquele que geralmente consagram às entidades divinizadas, com um fortalecimento das correntes que os ligam à “crença sobrenatural”. Conservam traços dos costumes que sabe-se que são oriundos da antiga seita, mesmo que atualmente demonstrem e declaram um – agnosticismo ou uma religião sem práticas ritualísticas.
O estado de fé deles tem fortes influências dos preceitos evangelistas que mantinham, e que dão forma, atualmente, às suas condutas fervorosas e persistentes. A associação comunitária é, ao que se pode supor, uma forma simbólica e substitutiva, para chamar à ordem, que entrou no lugar da seita Noiva do Cordeiro. Entre eles a palavra “amor” é intensamente explorada, como se fosse um “slogan”, assim como o é nas seitas e religiões, e mesmo entre grupos políticos. Certamente o termo é apaziguador e gera confiança, conforto e estimula à obediência ou provoca grandes esforços.
Enfrentam difíceis problemas de saúde, e cuidados médicos, comuns na região, pela precariedade no atendimento e medidas profiláticas, escassas e ineficientes. Sob o ponto de vista econômico-administrativo não foram encontrados quaisquer sinais de uma rica e sofisticada organização social, na divisão dos bens materiais e do trabalho; caracterizaram-se os sinais comuns da exploração do homem pelo homem, ou ainda de uma total indiferença à desigualdade. Constatou-se uma diferença na execução de tarefas por motivos de gênero, consangüinidade, ou hierarquia. Muitos dos dados foram comprovados após longos períodos investigativos e mediante a total imersão no cotidiano. Ficaram claros e contundentes que há uma preferência e liderança, de diferentes características e circunstancias, dos filhos de senhora Delina Fernandes Pereira, viúva do pastor Anísio Pereira. A imprensa tem tratado-a como se ela fosse uma matriarca do grupo, contundo essa não seria a definição antropológica do papel dela dentro dessa comunidade. É evidente que os dados que comprovam uma realidade são muito escassos para uma definição precisa, justamente pelo fato de que a cultura oculta não estava ao alcance dos estudiosos. Evidentemente, que existem importantes considerações a respeito do papel que ela possui entre os moradores, com um destaque especial que ultrapasse os limites do razoável e coerente. O aniversário dessa simpática e magnética senhora, em agosto, é um motivo a mais para que pessoas, oriundas da comunidade ou não, venham se juntar nas festividades, muito mais completa e elaborada do que é feito na comemoração natalina, ou mesmo nos arranjos de aniversários, geralmente singelos ou totalmente esquecidos. Delina é uma senhora educada e gentil, tanto hospitaleira com todos os visitantes. Essa mesma senhora exerce um papel de liderança e organização, articulado através de um rico sistema de fascínio sobre os parentes, além de receber ser intermediária de “doações” oriundas de diferentes pessoas e grupos. Por vezes parece que realmente tudo é distribuído entre os moradores da vila Noiva do Cordeiro, mas foi algo impossível de comprovar.
O casarão que se destaca dentre todos se assemelha ao um templo religioso, com um enorme salão que serve como sala, e vários pequenos quartos ao redor dessa, com uma cozinha relativamente pequena se comparada à desproporcional sala principal. Na região muitos dos vizinhos falam com certo rancor ou despeito sobre as conquistas ou vantagens conseguidas pelos moradores de Noiva do Cordeiro, sobretudo em relação aos bens móveis e imóveis. O casarão, por certo, é o assunto preferido deles que repetem e atestam que foi construído mediante recursos da Prefeitura Municipal de Belo Vale, e doações de diferentes grupos de empresários e fazendeiros. Não há comentários sobre quaisquer envolvimentos de mulheres da região com o cotidiano e filantropia para essa comunidade, durante muitos anos e até recentemente. Sendo que após as inúmeras matérias jornalísticas, editadas de maneira sensacional, fez com que surgisse uma repentina admiração pelos moradores dessa comunidade, inclusive de mulheres.
Os estudos etnológicos, naturalmente com o consentimento dos habitantes da vila Noiva do Cordeiro, foram realizados durante 02 anos e permitiram somente algumas conclusões e melhor compreensão de vários fatos e manifestações, tais como a animosidade entre os moradores do local acima mencionado e outras pessoas das circunvizinhanças. A rejeição social a que foram submetidos deve-se em parte ao comportamento que não condiziam com os padrões regiões, roupas exóticas e provocantes, desfiles e liberalidade sexual, desfiles de lingeries, rebeldia religiosa, grandes agitações públicas, posicionamentos políticos singulares, etc. A própria moradora e uma das mais importantes lideranças do local forneceu cópia de calhamaços de documentos forenses, com registros de processos antigos e recentes envolvendo a comunidade de Noiva do Cordeiro.
O isolamento geográfico, por vezes, leva-nos a crer que surtiu efeitos beneficentes neles, incrementando seus sentimentos de afeição uns pelos outros. Fazendo com se desenvolvesse uma cultura peculiar e não demonstraram sentir, absolutamente, ofendidos com a recriminação ou rejeição social as que estavam/estão submetidos, durante os momentos iniciais de convívio, e simultaneamente não demonstram afeição pelo estilo dos seus vizinhos. Por vezes ficou evidente a preferência por longas viagens, mensalmente, para estar com seus parentes e afins, há 489 km de distância, na cidade Montes Claros. Suas consultas e tratamento médico eram de preferência realizados em postos médicos em Belo Horizonte, ou mesmo para fazer compras e consertar seus automóveis quando necessário.
O convívio intenso por um período razoável de dois anos permitiu a observação e o conhecimento da natureza das suas diferenças, a voz das mulheres, suas liberdades e anseios, ou ainda as dificuldades de comunicação. Crê-se que essa diferença obstáculos nas relações com os vizinhos deve-se ao fato de estarem envolvidos, o bastante, com seus modos de pensamento e rotina diária, diferente da dos seus vizinhos, naquele período. É evidente, que os temas de identidade e diversidade cultural figuram no eixo central da discussão. A noção de identidade contém um apelo universalista e igualitário. Ademais, a articulação e organização comunitária de Noiva do Cordeiro, nos seus ditames artificiais prescritos em regulamentos explícitos e implícitos não contém expressão alguma de preocupação ou notável consideração sobre as desigualdades sociais entre eles mesmos e não houve, em nenhum momento, manifestações de repúdio associado a essas diferenças, nem mesmo mediante a provocação para a discussão da problemática social visível de uma injustiça social e conflitos internos. Ficou comprovadamente claro que os círculos de diferentes relações sociais dentro do ambiente não se conectam e mantém posturas rígidas, conformistas ou por vezes rancorosas e resistentes.
Ao contrário do que se supõe, ficou claro que há questões graves de gênero, na divisão sexual do trabalho e poder. As estruturas sociais foram organizadas pelas forças excedentes do instinto. Desenvolver valores e realizaram adaptações dos conceitos – justiça, respeito, sexualidade, parentesco, amor, etc. -, de modo próprio e distinto. Quer dizer que demonstram pouca ou nenhuma preocupação da condição de subordinação, desde que satisfeitos nos seus anseios básicos e instintivos, com valores específicos atribuídos a sexualidade. Simultaneamente ocorrendo um exótico senso de obediência ao regime interno. Com idéia romântica e irreal sobre uma condição desejada de auto-suficiência. O sentido do pertencimento a essa comunidade gerou o fortalecimento das ligações afetivas, justamente pelo caráter lúdico do ambiente a que estão todos ligados, ainda que nascidos em Desterro de Entre Rios, Belo Horizonte e Montes Claros.
Sociedade é um agrupamento numeroso de pessoas com características próprias de costumes e hábitos mais ou menos semelhantes, além de busca incessante para a satisfação das necessidades materiais e do espírito. Quando da primeira visita, era necessário um motivo específico e foi notável que a preocupação com a moral e honra que apresentávamos, como motivo, de certo não era prioridade para eles, até que o assunto se tornou uma discussão exaustiva e provocante. Surgiu então a necessidade de Mobilização Social da comunidade, numa promoção científica do desenvolvimento do local. Toda Mobilização Social é para alguma coisa, seja para alcançar um objetivo simples e predefinido, um propósito comum do interessa da ampla maioria, um ato de razão, para um projeto de futuro.