domingo, 25 de abril de 2010

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segunda-feira, 19 de abril de 2010

A NOIVA DO CORDEIRO; Uma comunidade em transição...

Mesmo os eremitas fazem parte da sociedade. Isto quer dizer que as pessoas que vivem em grupo precisam estar conscientes dos deveres e direitos, sabem que mesmo dentro do banheiro podem ser atingidas pelos raios severos da lei. O mesmo acontece com qualquer grupo de pessoas, que de qualquer modo, não está de acordo com os preceitos legais e culturais de onde vive. Jovens e adolescentes, ou mesmo pessoas imaturas e ainda aquelas totalmente rebeldes, geralmente, esbravejam contra o “sistema”, como se ele fosse algo satânico ou uma entidade. Naturalmente, todos deveriam saber que o sistema é o que as pessoas fazem e contribuem para a formação de normas e costumes. Contudo, no decorrer dos anos existem três caminhos possíveis para a pessoa ou comunidade, ou seja – ajusta-se, marginaliza-se ou desaparece.
Em relação às comunidades, é evidente que elas têm características próprias, que as distinguem umas das outras. Cada uma tem uma história. As pessoas que estão dentro dessas comunidades, profundamente influenciadas pelo meio onde vivem, e certamente reagindo em conformidade com suas personalidades, formam, deste modo, o ambiente onde vivem. As pessoas, portanto, pensam, sentem, vivem sob esquemas e normas. As vidas delas se processam dentro desse quadro, e suas comunidades por sua vez fazem parte de algo maior, mesmo aquelas que estão em isolamento. Com o fenômeno da globalização, não é mais possível um absoluto isolamento. Certamente, todas as pessoas estão sob normas nacionais e internacionais, ainda que não saibam.
O fascínio pela transgressão, mesmo não sendo uma inovação, é como se fosse uma liberdade acima da norma. Certamente a liberdade sem normas se transforma em tirania. Os jovens com sede de autonomia e independência em relação aos pais ficam fascinados com essa suposta “liberdade”. Precisam aprender que ela não existe, pois a designação correta não seria “liberdade”, mas - irresponsabilidade.
Os projetos de vida devem ser elaborados com o propósito de qualidade. A religião, por exemplo, é uma etapa no desenvolvimento humano, mais acessível ao entendimento do que as sofisticadas elaborações científicas. É claro que a obsessão religiosa faz com que muitas pessoas se tornem psiquicamente tão doentes que deveriam submeter-se a severo tratamento psiquiátrico. Observa-se que uma pessoa psiquicamente enferma, com neurose sexual, pode comportar-se na forma de absoluta e absurda devoção religiosa. Naturalmente, o fanatismo religioso reprime a sexualidade e daí esse hipotético fascínio pela transgressão sexual, com riscos enormes de ocorrerem de forma violenta, em locais isolados.
Todo “Delírio Místico” é intrigante e peculiar, com diferentes resultados e comportamentos. Voltando ao fato importante da transformação da Igreja num bar, em Noiva do Cordeiro, onde posteriormente ocorreram desfiles de adolescentes em trajes íntimos (para a divulgação das peças fabricadas pelas costureiras de Noiva do Cordeiro), o raciocínio precisa seguir em frente na busca pela compreensão, seja do ultraje e rebeldia ou da surpresa, ofensa e admiração de outros. Não se trata de uma condenação pública, a posteriori, e muitos anos depois da ocorrência. Trata-se de praticar a transcendência e exercitar a capacidade de compreensão dos fatos dentro de um contexto histórico, factual. É evidente que a rebeldia religiosa, na forma de heresia, é o resultado desse “Delírio Místico”. O leitor precisa, de certo modo, considerar o significado desses comportamentos.
É recomendável a leitura de vários livros interessantes que falam de temas correlatos. Vejamos por exemplo – Hans Peter Duerr em “Mythos vom Zivilizations - prozesz” (O Mito do processo da Civilização); “Nacktheid und Scham” (1988 – Nudez e Pudor); “Intimität” (1989 – Intimidade); “Obszönität und Gewalt” (1993 – Obscenidade e Violência); “Der erotische Leib” (1997 – O Corpo Erótico). Há uma entrevista com o autor na revista Spiegel, no. 2, 1993, com a manchete “Die Schamlose Gesellschaft” (A Sociedade sem vergonha). O autor não é simpatizante de nenhuma Igreja, mas estudou a necessidade do pudor como limite.
A experiência religiosa como “experiência do amor”, associada à idéia romântica e deliciosa da existência de Deus, recebe sua força de uma raiz que é a sexualidade. Ai o ser humano é atingido visceralmente. Por isso, se há um fracasso nesse nível, leva a uma destruição da totalidade do ser humano. Esse tipo de tragédia reflete-se em histórias de doenças psíquicas e perversões religiosas. A falta de pudor aumenta a brutalidade social. A sexualidade pura, primitiva, está contaminada por instintos baixos, tornar-se perversa e facilmente pornografia, culminando em desregramentos diversos. Porém, a sexualidade sublimada, não reprimida, mas educada, é elegante e sofisticada e dá origem aos requintes prazerosos da cultura.
O que quer que as pessoas desejem ou façam, elas precisam estar atentas às normas vigentes e conseqüentemente, observar se as leis estão em conformidade com os costumes da região. Certamente, alguns lugares mantêm antigos costumes que pouco a pouco vão se modificando. Exatamente para diminuir as situações de conflito, existem leis, normas e etiqueta, com os quais todos devem saber lidar para serem aceitos no ambiente onde vivem. Nenhuma liberdade é ilimitada.
Com as necessidades de conforto e sobrevivência, explosões demográficas, dentre outros fatores, surgiram necessidades e normas para melhorar as relações entre as pessoas, dentro do processo produtivo das atividades econômicas. Pouco a pouco foram estabelecendo diferentes círculos de relações entre as pessoas, formando as famílias, os vizinhos, as pessoas de uma cidade, do país e continentes. Eis o sistema.
No século XIX a cidade de Bonfim era imensa e abrangia várias cidades, tais como – Brumado, Brumadinho, Moeda, Belo Vale, Entre Rios de Minas, Desterro de Entre Rios, Piedade Gerais -, que foram desmembrados no século XX. Em Belo Vale (antes São Gonçalo da Ponte, no século XIX) existe um distrito, o mais antigo, denominado Roças Novas de Baixo e de Cima. No século XIX, o local é composto basicamente por pessoas de uma mesma família e sobreviviam da agropecuária, ainda sem estradas e meios de transporte eficientes. Saiam à cavalo, percorrendo longas distâncias para resolver pequenos problemas. Mantiveram muitos de seus hábitos tradicionais e ainda hoje têm influências desses antigos costumes. Com seus modos antigos modificados pela modernização, eles permanecem originais.
Histórico sucinto de Noiva do Cordeiro – A originalidade histórica da região é surpreendente em muitos aspectos. Exatamente, por causa das vias de acesso e o próprio desenvolvimento, o local manteve conservados antigos traços dos costumes. Noiva do Cordeiro é uma comunidade inserida nesse contexto histórico de absoluta distinção. Localiza-se na cidade de Belo Vale, antigo distrito de São Gonçalo da Ponte, da Comarca de Bonfim. Trata-se de uma das mais antigas regiões de Minas Gerais, anterior a Mariana, Ouro Preto, Sabará, etc. Há indícios da presença dos primeiros colonizadores, nos idos de 1672 a 1674. Sendo que em 1695, veio para a região, por ordem da Monarquia Portuguesa, o Capitão José Augusto Fernandes de Araújo, com objetivos nobres de povoar a Capitania. Ele é o mais antigo ancestral dos moradores de Roças Novas de Baixo e de Cima, que inclui Noiva do Cordeiro; nome recente de uma parte de Roças Novas de Cima.
Nessa região, no início do século XX, uma jovem senhora, cujo nome era Maria Senhorinha de Lima, rompeu com marido, o fazendeiro de origem francesa de nome Arthur Pierre. O fato desse rompimento conjugal, por si só já era problemático para a mulher daquele período. Ela foi além, pois o fez após três meses de casamento e logo a seguir ajunta-se com o Francisco Fernandes de Araújo, descendente do capitão José Augusto Fernandes de Araújo. Tornou-se alvo de comentários e rejeição social, e provavelmente, dizem, foi excomungada pela Igreja Católica; fato não histórico, pois nenhum documento da excomunhão foi encontrado. Suas relações sociais tornaram-se difíceis e ela preparou-se para mudar da cidade, mas ocorreu um acidente terrível. Ela ia para a estação ferroviária de Belo Vale, com sua mudança num carro de boi e ele tombou sobre ela, quebrando-lhe várias costelas e também a coluna. Ela volta para casa e vai curar-se sozinha. Viveu assim até o ano de 1973, com o terrível defeito físico, cujo corpo era inteiramente inclinado para frente, empurrando sua cabeça para entre as pernas. A história dessa senhora é demasiadamente trágica e infeliz. Quando os pesquisadores conviveram com a população de Noiva do Cordeiro essa personagem surgiu nos comentários, após intensas pesquisas e entrevistas com a população mais antiga, e sua filha, Matuzinhas evitou por algum tempo falar de sua mãe. Ainda em 2006 o assunto era tabu, pois se tratava de uma lembrança amarga que ninguém poderia supor que tivesse importância para a compreensão parcial da história comunitária. É certo que a vida de Maria Senhorinha de Lima, em sociedade, foi demasiadamente infeliz, quanto incompleta. Viveu, segundo consta, como uma forma de prisioneira da região. Ainda assim demonstrava religiosidade e todos os dias à tarde punha-se a cantarolar músicas de Igreja. Foi enterrada em Vargem de Santana, para cumprir seu desejo.
Um dos filhos de Maria Senhorinha de Lima foi trabalhar em São Paulo e voltou para a região convertido à Igreja Batista. No ano de 1949 inaugura a primeira igreja protestante do local. Em 1953 um membro dissidente, de nome Anísio Pereira, rompe com a essa primeira e constrói a Igreja da seita denominada Noiva do Cordeiro. Os métodos rígidos e fundamentalistas desse último pastor fizeram ocorrer grandes mudanças na comunidade; parece que a maioria sofria com os seus preceitos e modos de beatitude com prolongados jejuns, purificação, etc. A cidade ainda comenta sobre esse período, do mesmo modo, menciona a transformação inesperada dos moradores, quando romperam com a religião e transformaram a Igreja num Bar, além de fazerem muitas mudanças nos seus costumes e vestimentas. Antes demasiadamente longas e repentinamente minissaias.
Durante o período da seita de Noiva do Cordeiro eram proibidos de contracepção e tiveram muitos filhos e filhas. O acontecimento histórico de rompimento definitivo com a Igreja, mudança de comportamento e quebras de antigos tabus foi há pelo menos vinte sete anos. No mesmo terreno onde foi a Igreja de Noiva do Cordeiro, logo após darem início à produção de lingeries as mulheres passaram a desfilar, com peças intimas para os freqüentadores do Bar e também em outras regiões da cidade de Belo Vale e cidades; dizem que era para divulgar a produção de calcinhas da fábrica delas. Essas mudanças e fatos ocorridos de maneira inusitada provocaram ondas de boatos e acontecimentos envolvendo as moradoras de Noiva do Cordeiro.
Certamente, enquanto Noiva do Cordeiro fazia grandes modificações nos seus costumes o mesmo não ocorreu nos outros diferentes níveis da realidade social; especialmente no nível jurídico-político, econômico, social e ideológico. Melhor dizendo, que as transformações comportamentais delas chamaram demasiadamente a atenção, e a ousadia consecutiva teve suas conseqüências – uma rejeição e suspeita.
A própria cidade de Belo Vale vive um período de transição e afirmação de novos costumes. Observa-se a coexistência do velho com o novo. Toda a cidade passa por grandes transformações, inclusive influenciada pelos acontecimentos e ocorrências em Noiva do Cordeiro.
Em termos sociais, a cidade está, em muitos sentidos, do mesmo modo que em Noiva do Cordeiro. Belo Vale está próxima de Belo Horizonte e muitos dos moradores trabalham ou estudam na metrópole. O isolamento da cidade existiu há pelo menos quarenta anos atrás, quando não havia os meios de transporte e comunicação atuais. Certamente, trata-se de uma generalização apressada ao considerar a cidade antiquada, ou mesmo preconceituosa, pois se o fato ocorresse numa metrópole, atualmente ou há vinte e sete anos atrás, os acontecimentos provocantes deles causariam espanto para aqueles que acreditam que seja necessário tratar com respeito e de modo específico os locais sagrados, tais como igrejas, santuários, livros, etc. As leis inclusive são claras nesse sentido.
É evidente que os moradores de Noiva do Cordeiro vivem um período glorioso, na era da Tecnologia da Informação. Foram transformados em objetos de curiosidade pública. Atualmente o centro das atenções, em contraposição à condição marginalizada que era mantida antes. Por outro lado, a imprensa, no estilo sensacionalista, transmite ao público a idéia de que os habitantes de Belo Vale sejam provincianos chatos que praticaram atrocidades contra uma pacata comunidade rural; um equívoco histórico. Vários blogs e reportagens têm surgido com referências a eles. A maioria trata o assunto de modo superficial e com bajulação. Nenhum outro tem preocupado em fazer notícia baseada nos fatos, inclusive o comentado documentário que esporadicamente é mostrado pela GNT, apresenta um conteúdo fictício, mesclado por declarações vagas e imprecisas que não provam. É um documentário de conteúdo artístico belo, editado de tal forma útil para se tornar um filme próprio para o Marketing Institucional da comunidade de Noiva do Cordeiro.
A opinião pública é isso, uma força gigantesca que muda a direção conforme as circunstâncias. Do mesmo modo, a pressão social modifica as pessoas e as influencia a ser diferentes. Muitas vezes as transformações são repentinas e sutis. Talvez esteja ocorrendo algo similar entre os habitantes de Noiva do Cordeiro, pois ainda em 2007 as moradoras falavam orgulhosas de não se casarem oficialmente, numa demonstração de independência feminina. Porém, recentemente têm ocorrido vários casamentos entre elas, em conformidade com o sistema. Desde 2006 elas fizeram brilhantes alterações comportamentais, inclusive no estilo das vestimentas e o modo de agir em público. Com as reportagens e durante o período de atividade e estudos antropológicos, da equipe do Purbasiun Vitae Project – Intelectual Ecology, elas realizaram grandes esforços de mudança. Atualmente, pode-se dizer que Noiva do Cordeiro é uma comunidade em fase de pleno amadurecimento, com possibilidades promissoras de maior desenvolvimento em toda a cidade de Belo Vale.


Noivas do Cordeiro; a quarta geração
O cérebro é poderosa ferramenta e de importância para os estudos antropológicos. Muito da produção humana só existe pelas qualidades e criatividade exercida por vários cérebros humanos dos últimos tempos. Contudo, o assunto é vasto e complexo para ser analisado apenas sob o ponto de vista, estritamente, biológico. Algumas considerações neste artigo serão novamente discutidas, de diferentes maneiras, para melhor elucidação dos dados e conceitos. É evidente a importância que se deve dar às figurações bio-culturais. Tem havido progressos em relação à identificação das tendências ou leis do crescimento cultural e existem análises mais completas sobre a interação das várias forças dentro de cada padrão de cultura. Sabe-se, pois, que as comunidades têm uma ou mais formas aprovadas de comportamento e, portanto, com um sistema de valores que define um ato como sendo bom ou mal, por uma determinada unidade do grupo. Sabe-se ainda mais que a cultura e personalidade estão associadas, de várias maneiras. Pode-se, assim dizer que todo ser humano saudável e desenvolvido quanto inteligente e maduro o suficiente tem de adaptar seu comportamento aos valores aprovados pela sociedade. O processo de adaptação não pode deixar de marcar profundamente toda a sua personalidade.
Com os acontecimentos e sensacional repercussão das reportagens sobre a comunidade de influência feminina, Noiva do Cordeiro, é algo inusitado e fez a transformação dos moradores, sob influência do Marketing dessas reportagens. Quando dos primeiros contatos, diálogos e palestras, entre os profissionais do Purbasiun Vitae Project – Intelectual Ecology/ASMAP, ainda em 2006, com os moradores notava-se que não lhes ocorria a idéia de que formassem eles e elas um grupo distinto e que a fofoca provinciana fosse catapulta-los ao topo das preferências das pautas jornalísticas.
AS PRIMEIRAS ENTREVISTAS - Inicialmente o professor Karl apresentou as possibilidades combativas contra a opinião pública, que era desfavorável aos moradores de Noiva do Cordeiro (de acordo com técnicas de antropologia da comunicação). Após inúmeros encontros e reuniões foram postos em prática diferentes estudos e Planejamento de Mobilização Comunitária. O cientista passou a exercer a função de Mentoring, e Bruno Johnny, na condição de Coaching (este último técnico analista de sistemas, estudante de Administração de Empresas e Monitor Especial de Antropologia), contando ainda com o Acadêmico, na época, e atualmente o antropólogo social, Eduardo Amorim, além do Dr. Prof. Yaccobb Pfeffer (Coordenador Geral), Dra. Hannamyrian Grinberg (Antropóloga e Química), Dra. Hellychanna Bat-Dor-nelles e mesmo contando com colaboradores e aprendizes da própria comunidade, tais como – Cláudia Lima, Josiele Fernandes, Flávia Emediato, Rosalee Fernandes, Delina Fernandes, etc.
As primeiras entrevistas revelam que estavam alheias aos problemas sociais que enfrentavam e desdenhavam sobre a questão. Contraditoriamente, todas as pessoas da comunidade referiam-se ao local onde moram como sendo Roças Novas e não Noiva do Cordeiro, conforme algumas diziam – ...evitavam que as pessoas de Belo Vale associassem elas a ‘falação’. Uma das primeiras discussões, na forma de palestra e admoestações, realizadas, fazem referência aos significados dos nomes e as idéias que muitas palavras provocam. Primeiramente, o termo ‘prostituta’ foi alvo de discussão em um breve curso de – filosofia aplicada -, ministrado para as moradoras que foram estimuladas a repensar o significado do termo que lhes imputavam, pela marginalização a que as mulheres consideradas prostitutas são submetidas. Foram estimuladas a pensar na comunicação visual e o que realmente provocariam com indumentárias sensuais e provocantes. Do mesmo modo, ainda dentro do mesmo conceito de comunicação e expressão, com os símbolos que duplicavam e provocavam imaginações férteis, fizeram transformações radicais nas suas indumentárias doando-as para pessoas carentes e procuraram outros modelos, assim como resolveram modificar os nomes das ruas que eram de duplo sentido, embora fossem do tempo que havia a seita Noiva do Cordeiro. Os nomes das ruas se tornaram inconvenientes, após as intrigas, comentários, calúnias e difamação do povoado. As ruas, anteriormente de nomes, tais como - rua Próxima Arrebatação, rua Amor Puro -, e outras passaram a ser homenagens para antigos moradores do local, in memoriam. Com isso foram ministradas noções de Marketing e Anti-Marketing, com efeitos positivos sobre a verdadeira Representação Social a que estavam sujeitas, diante do novo conceito de vítima e sexualidade. Foram intensamente estimuladas a melhorar a comunicação, elaborar códigos para expressar seus desejos e evitarem a informação distorcida ou desvantajosa.
ESTUDOS ETNOLÓGICOS - Ainda no ano de 2006, as atitudes controversas das moradoras eram alvos de intensos comentários e cartas anônimas, com alegações sempre e mais provocantes. As condições geográficas do povoado são inteiramente favoráveis ao isolamento, uma vez que está há 20 km da Sede de Belo Vale, 2,5km do povoado mais próximo de Roças Novas de Cima (aliás, Noiva do Cordeiro pertence ao povoado Roças Novas de Cima), além de estar no final do município, aos pés de uma colina, próximo da cidade de Piedade dos Gerais. No mesmo ano, foi elaborado o Boletim Noiva do Cordeiro (mensal) para contrapor às cartas anônimas e comentários ofensivos, ou simplesmente para divulgar notícias interessantes. Simultaneamente, reforçando a diferença do local denominado por Roças Novas de Cima, para o nome de Noiva do Cordeiro, que vem nas contas de luz deste povoado. O nome Noiva do Cordeiro deve-se à seita fundada por Anísio Pereira, em 1953, com sede em Desterro de Entre Rios, Monte Sião (Montes Claros). No início de 2007, o Monitoring iniciou a pintura da placa que foi terminada por Dayane Fernandes Araújo, uma jovem moradora do local.
Os estudos etnológicos realizados durante o período de 2006-2008 foram bastante frutíferos, pela combinação de técnicas de lingüística e antropologia, mediante diferentes exames e pesquisas surveys. Pode-se detectar muito mais das estruturas invisíveis que determinam a Vida Social de Noiva do Cordeiro. Com a Mobilização Social, conclui-se que havia interesse geral de uma intervenção pela Mudança Social da Comunidade. Com os fervorosos comentários que havia, e mesmo após alguns habitantes de Belo Vale negarem que as mulheres de Noiva do Cordeiro fossem prostitutas, eram tão poucos que vale a pena mencionar os nomes daqueles que falaram favoravelmente, tais como – Wagner, Breno Braga, Vicente do Dino, Maxwel, dona Zinha, dona Dinha, Marley e Wagner.
Foi mencionado que na campanha eleitoral de 2004, os organizadores da propaganda de um dos candidatos a prefeito fizeram uso das imagens do povoado como se fosse um prostíbulo construído pelo prefeito candidato a reeleição, com objetivos explícitos de denegrir o candidato e provocar o repúdio da população. Alegam alguns que isso influenciou na vitória do oponente. Com a repentina fama e sensacionalismo da imprensa, de 2007-2009, elas deixaram de estar às margens para estar no centro das atenções. Em 2008 tornaram-se alvo de efusivos comentários, e foram consideradas fator decisivo para a reeleição do prefeito atual, o mesmo que anteriormente saiu vitorioso da campanha de 2004, com a campanha publicitária negativa para vencer o adversário. Os acontecimentos e superexposição na mídia, do nome de Noiva do Cordeiro, fizeram ocorrer inúmeras transformações.
Nas pesquisas e observação-participante as relações entre pesquisadores foram grandemente estimuladas por um saudável convívio e interação entre as partes. Era notável o grau de afinidade entre todos. Neste período foram realizadas diferentes pesquisas, através de muitos e variados métodos, com o consentimento comunitário. Constatou-se com essas pesquisas que vários moradores de Noiva do Cordeiro e Roças Novas, ou Belo Vale, faziam referências aos acontecimentos dos últimos 30 anos, na Comunidade, como sendo – ‘modernos’, ‘surpreendentes’, ‘interessantes’, etc., -, e estes pronunciamentos são oriundos de pessoas simpatizantes ou afirmações dos próprios moradores, e há ainda outros que só tomaram conhecimento dessas notícias através da mídia, sem os ricos detalhes da pesquisa, do conhecimento dos próprios moradores e vizinhos. Em 2008, foram entrevistadas 500 pessoas na cidade de Belo Vale e Moeda, e 69% consideravam o ato de transforma a Igreja num Bar, os Desfiles de lingerie, como atos de – Rebeldia -, com respostas dadas em questionário de múltipla escolha. Os demais 28% consideravam normal e 4% restantes, consideraram o assunto como de influência de loucura ou demonismo.
Precisamos fazer adaptações dos nossos pensamentos para os tempos dessas ocorrências e os costumes próprios do local e época. Na rede de acontecimentos, sentimentos, valores e regulamentos, há que lembrar o fio da rede que foi rompido e fez com que a comunidade entrasse para a condição de adoecimento social em suas relações. Todas as suas potências inventivas ou graciosidade eram insuficientes para romper as barreiras psíquicas e relações embrutecidas pelo medo de que houvesse a presença maligna de entidade espiritual entre elas.
REBELDIA E REJEIÇÃO - Certamente faltaram sensibilidade e cultura suficientes para realizar a transformação sem parecer um insulto à crença alheia de que Deus é uma Entidade Sagrada, assim como são sagrados os objetos a Ele consagrados. Neste caso, é importante lembrar o tanto que as Igrejas estão associadas ao Sagrado, e também ao imaginário popular de que nas Igrejas evocam melhor o Espírito do Deus Todo-Poderoso. De modo específico, com claras restrições, nem tudo é permitido dentro das igrejas e templos; e mesmo nos locais próximos. É relevante salientar, de acordo com o comportamento provocante contra a Ordem vigente na época da rebelião em Noiva do Cordeiro. Nesse sentido, e supondo-se que conheça os detalhes do processo de Rebeldia e Rejeição, a maioria das pessoas religiosas não aprovaria o modo como essa comunidade rompeu com a norma e seus próprios costumes. Não por seu absoluto afastamento da religiosidade, mas por abusos e ofensas contra o Sagrado.
Há uma brilhante correlação de experiência religiosa como ‘experiência do amor’ oriundo de uma força subtraída da sexualidade. Essa brilhante correlação não está associada às demonstrações pornográficas com raízes no primitivismo, facilmente reforçando a idéia de demonismo. O psicanalista Paul Ricoeur, que escreveu – Fenomenologia da Culpa - diz que o ser humano precisa de nomes, conceitos, imagens, para poder lidar com os acontecimentos do mundo onde vive. Assim, toda vez que algo de ruim ou reprovável acontece, as pessoas procuram explicações e denominações apropriadas, sempre ligadas aos limites de seus entendimentos e aceitação. Para muitos indivíduos os fatos horrorosos são enquadrados nas ‘coisas do mal’ e certamente a sexualidade com ousadia é prontamente marginalizada e definida como forma de prostituição e posteriormente por – prostituição. Na região é costumeiro ouvir as pessoas falarem sobre outras que praticam sexo, livremente, como se elas estivessem praticando prostituição. Mesmo nos desvios mais bizarros da sexualidade humana há uma escolha. A sexualidade depende dos sons, cheiros, olhares, toques, imagens, palavras, etc. Sabe-se que não existem regras sexuais, mas regras sociais. Portanto, o termo prostituição é uma demonstração dos valores que mantêm a respeito da sexualidade.
A humanidade se desenvolveu no decurso dos milênios, de estados primitivos e infantis para a atual maturidade de alguns povos. Certamente a tecnologia está mais adiantada do que as culturas humanas existentes. É óbvio que existem tecnologias de destruição em massa, com velocidades siderais espantosas, enquanto não há pelo outro lado Tecnologia Social suficientemente capaz de interromper ou evitar na mesma velocidade. Mas, todo desenvolvimento cultural que existe hoje, e que podemos considerar, como sendo o ponto mais alto da civilização, teve que passar da barbárie à sofisticação. Deste modo, qualquer grupo comunitário, que pretenda romper com normas primitivas e opressoras, deve fornecer educação aos seus membros pra fazerem adaptações, com novos regulamentos. Entretanto, o desconhecimento ou desprezo à norma e regulamentos sociais é por sua vez um ato rebelde, bruto, insensato, e que a sociedade considera merecedor de sanções, para que se evite o retorno à barbárie e insubordinação.
Continua ainda de pé a visão fundamental de que a sexualidade é a chave para os estudos antropológicos e compreensão do estágio que se encontram vários grupos de pessoas, da era atual, especialmente nas suas relações com o Sagrado (pressupõe-se que o Sagrado associado a Deus seja a força psíquica para delimitar e educar o ser humano, até que supere os diferentes estágios). Após a chamada “Revolução Sexual” de 1968, pode-se constatar a estreitíssima relação entre a sexualidade e comportamento humano. A ciência especializada (muito diferente da mídia irresponsável, imoral e sensacionalista) comprova os danos pra o desenvolvimento quando há uma selvagem desmoralização da sexualidade, em conseqüência a abolição do pudor, da etiqueta e do romance civilizado.
CONGREGAÇÃO COMUNITÁRIA - Existem diante de nós tantas e encantadoras formas de diversão que raramente percebemos a importância assumida pelas palavras e o que elas suscitam para as pessoas, das mais cultas às mais simples. Para as pessoas que raramente lêem, certamente, as palavras ouvidas são ainda mais significativas do que as vistas e lidas por elas. Muitas declarações tidas como pura tagarelice ou mera conversa devem ser levadas muito a sério e cuidadosamente analisadas, mesmo quando não foram formadas de maneira lógica. Com certeza o valor que vários homens e mulheres comuns atribuem às palavras tem origem no fato de confundirem a palavra e a coisa que representa. Assim se uma coisa é importante, igualmente deverá ser a palavra que a representa. Está por detrás dessas conversas comuns, um antecedente encoberto e que se detêm os psicólogos e psiquiatras. Sabe-se quanto revela uma pessoa, quando é encorajada a falar sem restrição. Mesmo as mentiras grotescas têm significados profundos.
No livro não editado sob o título - Noiva do Cordeiro; origens de um preconceito -, redigido em 2007, há referências curiosas sobre o fanatismo a que eram submetidos os fiéis, com jejuns intensos, ascetismo, vida de simplicidade para a pobreza próxima da miséria, demasiada disciplina, isolamento e punições severas, etc. Cerca de 80% dos entrevistados em Desterro de Entre Rios, Monte Sião (Montes Claros) e Noiva do Cordeiro (Belo Vale) consideraram que o Pastor Anísio foi o principal responsável pelo rompimento deles com religião, exatamente pelas suas exigências. Os fiéis de um extremo ao outro, no espaço de um ano aproximadamente romperam com todos os regulamentos religiosos. É relevante refletir-se sobre o misticismo e a saúde psicológica deles. Alguns atestam que o pastor tinha poderes sobrenaturais e seus escritos sibilinos, algumas vezes reveladores, faz referências a acontecimentos futuros, com evidências de um desejo exorbitante por acontecimentos proféticos, com traços de infantilismos e orgulho pessoal e autoritarismo.
Das influências positivas do período de extrema religiosidade há sua representação na Associação Comunitária Noiva do Cordeiro, na forma substitutiva de religar os moradores, com a mesma voracidade dos tempos da igreja; algo absolutamente elogiável, nos dias de hoje. Contudo, a experiência de parceria, em 2006-2008, entre ASMAP, Purbasiun Vitae Project – Intelectual Ecology, Assoc. Com. do Tejuco e Assoc. Com. Chacrinha dos Pretos com A.C.N.C. – Assoc. Comunitária Noiva do Cordeiro reforça a idéia dessa ‘religiosidade’ na defesa dos interesses do grupo acima de quaisquer utilidades dos seus parceiros, inteiramente esquecidos, repudiados ou combatidos e expurgados, por não pertencerem à mesma ‘congregação comunitária’. Há nos domínios ocultos dessa psique humana fatos curiosos das forças que impelem os acontecimentos excepcionais e que Mircea Eliade, o cientista das religiões, esclarece em bons termos. A mística do sofrimento provocado no passado pelos ensinamentos da seita perdura ainda entre eles.
Em 2007, quando ainda era o início das primeiras reportagens, nos principais canais de TV e Jornais, ocorreram mortes num índice alarmante, que evitaram discutir amplamente, mas ocorreram referencias e demonstração de surpresas com os acontecimentos, certamente explicáveis. Neste mesmo ano, de causas naturais, ocorrendo óbito de duas pessoas, simultaneamente, por três vezes consecutivas, perfazendo o número de seis pessoas, sendo somaram nove mortos durante o ano. Havia claros sinais de extremo estresse entre todos, com a transformação de alguns semblantes e comportamentos. Para melhor compreensão do que se deseja aprofundar, que certamente será feito posteriormente, convém recorrer às informações da Central Evangélica para Questões Ideológicas, ou ainda publicações específicas, com sugestões práticas, e levantamentos históricos, e que podem levar o assunto mais para a frente, tal como no livro de Georg Friemel – Ich bin ein Kind der Hölle. Nachdenken über den Teufel. (Eu sou um filho do inferno. Reflexões sobre o diabo).
A exegese bíblica é extremamente dura com o Mal, nas suas associações e definições, de modo igualmente duro, sobre os fatos reprováveis socialmente. De um lado há o conjunto de temas para ser abordados, com questionamentos sobre os fenômenos inexplicáveis, e da necessidade de reformulação dos conceitos contidos na mentalidade do passado, que nos persegue com a linguagem mística perturbadora e provocante. Sob o ponto de vista antropológico devem ocorrer mais perguntas psicológicas e filosóficas, sobre o pecaminoso, sexual e demoníaco. Para as pessoas esclarecidas e não-esclarecidas existe uma força fenomenal que nos impele a tomar diferentes e terríveis atitudes. Para os mais educados é possível melhor controle e compreensão. O mesmo não ocorre para aqueles que vivem à mercê dos seus instintos e impulsos os mais diversos. Maldição é uma palavra tabu com implicâncias poderosas para alterar o ritmo de vida de muitas pessoas.
Foram feitas algumas descobertas sobre os diferentes conceitos e tratamentos rituais que dispensam, em Noiva do Cordeiro, nos mais variados momentos de felicidade, doença, morte e conflito. Também revelaram sem constrangimentos que uma das antigas moradoras, nascida em no século XIX, foi excomungada e que até a Quarta Geração seus descendentes seriam considerados prostitutas e prostitutos. As moças e rapazes que constituem a comunidade formam uma maioria e estes são a “Quarta Geração” ainda sob essa suposta “Maldição”.
O mais forte e reflexivo dos visitantes, influenciado pelos comentários sofreria com as dúvidas e convicções que os comportamentos atestavam. Há ainda algo certamente complexo, com a problemática das imaginações doentias poderosas, mesmo sendo apenas ‘imaginações’. Há algo mais de significativo e curioso, além das reportagens resumidas, que precisa ser compreendida e ricamente elucidada, acima das questões metafísicas ou epistemológicas.

sábado, 17 de abril de 2010

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domingo, 11 de abril de 2010

NOIVAS DO CORDEIRO; Comunicação Social e Relações Humanas

A linguagem recebe características do povo que a pratica, pois são formas de expressar comportamento. Portanto, é mais fácil para uma pessoa inconseqüente ser omissa ou renunciar aos compromissos assumidos. Posição diferente que geralmente adota o pioneiro, líder e especialmente o indivíduo empreendedor e esforçado. Características comunicadas através de posturas adotadas que deixam transparecer o espírito mercenário, corrupto, sagaz e malfazejo. Os seres humanos elaborados, evoluídos, responsáveis e maduros, demonstram um amor desinteressado e naturalmente assumem compromissos e percebem a realidade ao redor, com o máximo de clareza. Desistir, por exemplo, é direito que precisa ser usado em circunstâncias absolutamente necessárias, sem fazer o ato de desistência uma demonstração de irresponsabilidade e má fé.

Estudos antropológicos e sociológicos mostram que o homem é aquilo que a sociedade o fez ser, e que esse mesmo homem/mulher tenta, debilmente, hesitantemente, às vezes, apaixonadamente, ser outra coisa, alguma coisa que ele mesmo tenha escolhido ser. Mas, essas infinitas precariedades de todas as identidades atribuídas socialmente não enganam o hábil perito, que reconhece o rei e o lacaio. Os profissionais estudiosos das sociedades modernas e primitivas estão e devem estar de prontidão e por demais conscientes da maquinaria, do palco e tecnologia disponível para favorecer aos disfarces, e justamente por saber dessa possibilidade, ele não se permitir arrebatar pela cena emocionante que foi representada.

A palavra sozinha não significa absolutamente nada, até que alguém a utiliza num discurso. Assim como é necessário observar outras muitas e diferentes maneiras de se propagar idéias. Certamente, a pessoa atenta não permitir facilmente que sejam esquecidos os detalhes. É necessário estarmos todos convictos de que a banalização de muitos termos provoca danos à transmissão honesta de uma informação. Vivemos a Era da Globalização e Tecnologia da Informação, e é uma era interessante para nos proporcionar privilégios, nunca antes possível.

No caso de uma pessoa ou grupo de pessoas vítima do preconceito ou da rejeição social, são situações inteiramente diferenciadas uma da outra, cujos indivíduos são na primeira situação, a de preconceito, vítimas e na última condição, a de rejeição social, culpadas por uma infração geralmente passível de punição. Ser vítima de preconceito é infinitamente diferente da condição de punida pela sanção social que culmina ou determina em rejeição social.

Acontecimentos reprováveis de preconceito e ódio racial devem observados e analisados de modo distinto, para que os termos não sejam banalizados e esvaziados dos seus verdadeiros conteúdos e sentidos. Por outro lado, precisamos estar de acordo que as pessoas ou grupo de pessoas que atuam ou atuaram de modo inconveniente devem necessariamente ser repreendidos, rejeitados e/ou punidos pelos atos anti-sociais. Existe uma suprema imprecação do sentido para o termo – preconceito -, na condição oferecida, e de maneira injusta, contra aquele que é discriminado por motivos torpes, que não pode evitar, tais como – sua aparência, nacionalidade, religião, faixa etária, etc. Ao passo que o indivíduo que entra na contramão da norma e dos bons costumes está sujeito à repreensão, punição social, processo, prisão e nalguns momentos e lugares, punido com a pena capital.

O indivíduo prático que se sente responsável pela comunidade onde vive, põe-se logo a pensar nas implicações sociais, e nas suas próprias atitudes. Pode ser de bom alvitre fazermos uma pausa e analisar muitas dessas implicações. Se é possível melhor a humanidade com as transformações e melhorias no meio ambiente e na constituição genética do homem, então é perfeitamente possível que as pessoas possam compreender que seus comportamentos também contribuem para essas brilhantes transformações e melhorias.

As sociedades, como os indivíduos têm de arriscar. Se realmente desejam progredir, eles têm de fazer conjecturas plausíveis, antes mesmo de qualquer prova cabal. É claro que não se pode permitir haver muita dúvida de que a vida política, econômica e cultural se tornará mais rica e mais sadia, onde as comunidades conseguem incentivar a taxa de natalidade mais alta entre as famílias mais inteligentes. Realmente a sociedade precisa de todos os níveis de habilidades e todos são igualmente necessários, mas numa sociedade progressista, desenvolvida, há grande incentivo à natalidade de forma a produzir ajustamento e não desequilíbrio entre as ocupações. Certas sociedades orgulham-se de produzir artistas temperamentais e outras, em gerar a sóbria personalidade dos filósofos.

Os acontecimentos envolvendo Noiva do Cordeiro ocorreram de maneira clara ao ponto de não confundir jamais o preconceito por motivos torpes e a rejeição social, proveniente de infrações. A comunicação, de vários modos, transmite idéias que provocam sentimentos e atitudes, na forma de reação. Quando a pessoa diz que “os outros têm de gostar dela do jeito que ela é”, isto pode estimular a idéia de que mesmo as piores atitudes devem ser toleradas ou aceitas. É claro que não se pode mudar totalmente uma personalidade, mas pode-se fazer muitas adaptações para um adequada aceitação social.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

NOIVAS DO CORDEIRO: o desenvolvimento comunitário



O desenvolvimento de uma comunidade em qualquer parte do mundo é uma questão de conhecimento. É muito complexo o simples termo com as suas infinitas implicações, pois o desenvolvimento não acontece sem o sacrifício. A humanidade realmente tem dados passos largos para o futuro, mas ainda existem muitas contradições nesse desenvolvimento e só acreditamos que sejam contradições simplesmente por acreditarmos que o desenvolvimento é sinônimo de aperfeiçoamento. O desenvolvimento, deste modo, é uma tentativa avançada de melhorar as condições de vida, mas depende das “vontades”, e no pior das hipóteses, do conhecimento sobre as possibilidades e a escolha de um futuro promissor. Quando as pessoas estão entusiasmadas, com certeza estão imbuídas de desejos positivos, e o mesmo acontece quando as pessoas simplesmente não sabem que têm um problema grave para ser resolvido.
No dia 28 de agosto de 2006, no primeiro encontro foi surpreendente, pois os moradores não pareciam saber a melhor solução para o falatório contra eles. A pressão e isolamento causaram uma perda, com algumas pessoas reagindo com indiferença às propostas de reavivamento das relações com a vizinhança. Ainda no ano de 2006 os comentários eram inteiramente favoráveis à realização de um projeto rural no estilo urbano, ou seja, com ligeiras adaptações no estilo, permanecendo o que de fato admiravam e desejavam para si próprios.
No inicio, constatou-se que as atividades diárias eram de um grupo de cinco senhoras trabalhando na Oficina de lingeries, outro grupo no casarão, e as demais em suas próprias casas, com possibilidades de incrementar o orçamento através de outros meios, inclusive com o aproveitamento da matéria-prima local, tais, como as folhas, sementes, bambu, e argila. Não foram encontradas as velhas cantigas, ou o artesanato tradicional e histórico, mas apenas o aproveitamento de retalhos em pequena escala, na feitura de tapetes. As expressões culturais vibrantes e impressionantes estavam ligadas às atividades substitutivas, a primeira vista, do que outrora foi a Seita Noiva do Cordeiro; o fundamentalismo do grupo deixou o legado artístico do teatro e até mesmo a organização comunitária, Institucionalizada. Estas são as mais puras expressões de valor espiritual de cunho religioso, sem os ritos mágicos ou dogmas.
A melhor estratégia encontrada foi promover as atividades, na medida que houvesse concordância, e simultaneamente estabelecer uma linha de trabalho com intuitos óbvios de transformações. Dentre as atividades imediatas dentro do processo foi organização de uma “empresa virtual”, com claras distinções de função entre uma e outra pessoa, contudo realizar testes de aptidão, apenas em conformidade com o estratagema adotado. Inicialmente, foi fornecida uma sala do casarão colonial, onde antes era um quarto, para se tornar o escritório. O local foi denominado Departamento de Comunicação Visual; monitoria antropológica. A seguir o porão foi organizado para se tornar o Ateliê, onde foram iniciados na tecnologia do bambu e cerâmica. Outro cômodo do casarão se tornou a Biblioteca Noiva do Cordeiro (ou Biblioteca Anísio Pereira). Outra sala era para os cursos de Cultural Trekker (com inglês, história do Vale do Paraopeba e Comunicação) e também o Curso de Filosofia Aplicada (lógica elementar e história do pensamento, argumentação, etc.). Ficando em aberto o Curso de Informática Inteligente (Tecnologia e Informação, com noções de Antropologia e Pesquisa).
Com a organização de pequenos grupos, pouco a pouco surgiram as discussões honestamente expressas. Ocorreram grandes revelações de talento e personalidade, do mesmo modo facilitou a compreensão de comportamento ou mesmo os danos causados pela conturbada relação com o mundo externo, da vizinhança. Principalmente, ocorreram manifestações contundentes associadas ao rótulo rejeitado de – “prostitutas”. Surgiram ondas de fatos e ocorrências de difícil solução. No ano de 2007, exatamente em março, um senhor muito admirado e membro da Grande Família Noiva do Cordeiro, faleceu em Belo Horizonte, após agonizar trinta dias consecutivos. O histórico complexo deste processo está inserido nos estudos de Tanatologia e Geronto-antropologia.

Noivas do Cordeiro; os costumes e as leis vigentes

Todas as pessoas deveriam compreender que existe um sentido comum e universal para alguns termos que têm conotação específica e clara, tais como – pudicícia, censura, disciplina, elegância, repressão, moderação, provocação, respeito, promiscuidade, imoralidade, desonra, liberalismo, orgia, e muitos outros termos que não estão imediatamente associado a religiosidade. É claro, que existem diferentes concepções e valores que distinguem um grupo de pessoas do outro. Entretanto, certamente alguns costumes adotados recentemente por comunidades e grupos de pessoas “modernas” provocam espanto em outros considerados conservadores, melhor dizendo – educados e civilizados. O comportamento de muitas pessoas foi profundamente alterado com os “modelos artísticos”, as programações irresponsáveis de televisão, com as artes produzidas por pessoas rebeldes, etc.
As mudanças de comportamento avançam em algumas direções, mas não significa que as leis e cultura vêm pacificamente. Exemplos típicos são as perversões sexuais, o uso de drogas psicofarmacas, etc. Lembre-se que a expressão acima entre aspas e não levem o assunto para o caminho dos porcos, pois não se trata de generalização, simplesmente de uma consideração sobre várias modas lançadas que se tornam problemas sociais.
Isso levanta claramente um problema social. Pensando nesses termos temos de admitir que existam permissões para um grupo de pessoas que é proibido a uma outra pessoa de outro grupo, e muitas vezes proibido para todas as outras. A legislação deveria, mas não é, ser mantida ao mínimo absoluto, protegendo os direitos dos bebês, menores e incapazes, mas não interferindo na conduta de “adultos conscientemente concordantes” (consenting adults). Grupos de pessoas demasiadamente unidas têm problemas para respeitar a individualidade de muitos de seus membros, que sofrem diferentes pressões e mesmo violências quando não estão de acordo com todas as normas que violam sua privacidade. Evidentemente, que os costumes que ferem os direitos inalienáveis do homem não podem ser defendidos e ignorados.
Grupos e associações de pessoas têm de regulamentos por escrito quando são civilizados e realmente sabem exercer suas cidadanias. Todos nós sabemos que o Brasil é um país infelizmente defasado na área de educação e cultura. Entretanto, tem sido muito difundido, por grupos de defensores dos direitos humanos, em palestras, cursos, cartilhas, etc., tudo sobre os direitos dos cidadãos. Logo, espera-se que comunidades inteiras estejam se adequando aos novos conceitos de associação, cidadania e direito.
Com toda propriedade pode-se afirmar que é muito importante que seja mencionado as mudanças que ocorrem quando as atitudes reprováveis socialmente se transformam em sérias dificuldades para esses grupos às margens da norma ou legalidade. Ninguém, naturalmente hoje puniria um homem ou mulher por manterem relações sexuais antes do casamento ou mesmo de conviverem maritalmente sem a celebração de um casamento oficial. Contudo, e é certo, as pessoas correm riscos sérios de prisão se desrespeitarem as regras vigentes contra a pederastia, pedofilia, prostituição, tráfego de drogas e diferentes criminalidades. Existem forças psicológicas advindas de excessivo estímulo de ambiental que alteram as pessoas menos preparadas, entretanto, ainda assim podem ser punidas se se permitirem levar pelos seus impulsos e perversões. O mesmo acontece com pessoas que não se adaptaram às costumes de uma região e insistem em manter hábitos que para seus vizinhos são absolutamente repugnantes. Dificilmente um evangélico, ou um católico tradicional, ou judeus ortodoxo, mulçumano e outros, conviveriam tranqüilamente diante de costumes para eles abomináveis do que eles consideram “prostituição religiosa”, ou atos depravados demoníacos. Ainda não é tradição geral, nas regiões tradicionais do interior e outros setores dos grandes centros que as pessoas possam aplaudir o homossexualismo. Evidentemente que a opção sexual é uma decisão íntima. À parte os pontos de vista científico a respeito, ou mesmo constitucionais, e sim o que a cultura ainda mantém como correto.