quarta-feira, 28 de outubro de 2009

NOIVAS DO CORDEIRO: como compreender o termo “Prostituta”?

As atividades científicas são distintas e não podem ser comparadas ao JORNALISMO. Antropólogos são estudiosos de comportamento e jornalistas são comunicadores. Contudo, a cooperação entre as partes fazem com que assuntos/pauta sejam frutíferos para os editores de redação, do mesmo modo útil para os estudiosos científicos. O Senhor ALLAN CORDS (postado no blog do Thapy, sobre Noivas do Cordeiro) não deveria desmerecer as atividades científicas, especialmente no Brasil, um país infeliz nas suas políticas públicas de ensino e pesquisa. Concorda-se que o jornalismo tem suas várias vertentes, mas a grade curricular dos cientistas sociais é complexa e bastante rica. Em Noiva do Cordeiro durante o período de 2006-2008 havia uma equipe científica na Mobilização Social e Pesquisa etnográfica e muitos dados descobertos ocorreram por orientação desses profissionais fundamentados nos princípios da antropologia. Personagens da história local, tais como - José Augusto Fernandes de Araújo, Francisco Augusto Fernandes, Marinha Senhorinha de Lima e sua mãe Marinha Senhorinha de Lima, dentre outros, foram resgatados de um passado há muito esquecido e não comtemplado pela população no seu cotidiano. Fazer com que a maioria compreendesse a necessidade de tais pesquisas foi algo penoso, mas apaixonante, o que contribuiu para enriquecer a história e costumes dessa subcultura belovalense. Considere-se que foi o que resultou, após a investigação “EX POST FACTO” (historiografia), em inúmeros argumentos e o despertar de uma nova mentalidade para os assuntos pertinentes a eles que desejavam muito "esquecer" os tempos antigos de grande sofrimento.
A primeira reportagem sobre o conflito entre Noiva do Cordeiro e vizinhos, em referência ao termo discriminatório de “prostitutas”, deve-se a orientação neste sentido, inclusive com sugestão de pauta enviada, pelos profissionais do projeto, à redação do Estado de Minas ao Repórter Gustavo Werneck. Todas são contribuições igualmente importantes.
Evidentemente só se pode especular sobre os acontecimentos comentados do passado em Noiva do Cordeiro, mesmo quando nos deparamos com farta documentação forense de muitos processos do passado. É o passado histórico e o suposto desse passado, com extremos de um lado ao outro, que nos permitiu compreender muitos dos acontecimentos conflituosos. Parece razoável que os comportamentos tenham sido sintomáticos, com revelações e implicâncias. Levar-nos-ia muito longe entrar no conjunto de detalhes a respeito. O que emerge e é excitante com relevâncias e considerações, pelo significado da condição anterior desses moradores para a condição atual de - superação (o termo superação deve ser motivo de muitas outras considerações, nos diferentes aspectos e razões semânticas). O fato inegável é que antes de 2006 não havia qualquer postura publicamente tomada por qualquer membro dessa comunidade, ainda que houvesse fatos graves que os tornavam vítimas de uma constrangedora marginalização social. O processo de Mobilização Social envolveu inclusive a discussão sobre o comportamento em relação a uma situação grave, com a perversão de suas imagens públicas. Algumas das oficinas de Filosofia Aplicada foram exatamente para isso elaboradas, com intuitos claros de conscientiza-los para as questões envolvidas.
Claro que as pessoas normalmente fazem muitos comentários maliciosos e piadas sobre atividades sexuais. Olhando sem as lentes róseas do romance cinematográfico e teatral, com certeza o acontecimento é trágico e traumatizante, tanto quanto grotesco. As descrições minuciosas que os profissionais chegaram ouvir são de arrepiar os cabelos e provocar um elevado nível de tensão e suspeita sobre as pessoas do local comentado (muitas vezes, ainda no início foram feitas reuniões entre os ativistas e profissionais do projeto, para qe fossem substituídos aqueles que estavam na comunidade, temerososm, que foi modificado com o tempo). Que seja explícito o quão surpreendente é descobrir que os pensamentos eróticos ou pornográficos sobre essas pessoas continuam um alto nível de imaginação violenta e perversa. Inclusive as postagens em diferentes blogs confirmam isso.
Deve tecer considerações sobre os sentimentos e idéias perversas que muitos nutriam e ainda nutrem sobre a "revoltante" atitude comunitária de romper os grilhões do aprisionamento religiosa para eles. Uma atitude demonizada pela vizinhança religiosa. Nisto ficou realçado a idéia de "prostituição" por toda e qualquer atitude no local, até mesmo o gosto musical. Precisamos saber que o termo pornografia deriva do grego e literalmente significaria “escrever sobre prostitutas”, pois em grego “”porne” é prostituta e “graphos” é escrever. Ele é usado de modo mais genérico como “escritos ou gravuras obscenas”. Trata-se de uma expressão que não tem qualquer história semântica reconhecida , mas compreende-se que é referente a um coisa que ofende a modéstia ou decência. As circunstâncias amadoras com que foram realizados os desfiles certamente reforçaram as idéias indecentes que as pessoas nutriam sobre as moças e todos os moradores locais. Não é possível ignorar o poder que emana do sexo feminino sobre as imaginações especialmente masculinas. Seus corpos e peças íntimas mostrados pública ou intimamente, são ícones de sexualidade. Temos de reforçar que o conceito de decência por outro lado é definido por “adequado respeito ao pudor”, ou ainda “em conformidade com o padrão de bom gosto”. Um tanto cruel se for entendido ao pé da letra, pois poderia significar que as pessoas feias tem aparências pornográficas. Existem muitos véus na linguagem que influenciam sobre os comportamentos e costumes. Neste contexto de compreensão social, nenhuma “mentira social” poderia romper as barreiras desse entendimento de que a população, em geral, viu o comportamento dessas pessoas como algo obsceno e ofensivo ao pudor, portanto, não era ou é recomendável para os padrões regionais, uma vez que estavam/estam os moradores de Noiva do Cordeiro provocando pensamentos luxuriosos.
Alguns atos são considerados normais e simples enquanto para outros grupos de pessoas podem conter muito de pornográfico. Uma pesquisa científica pode realizar medição em conformidade com diferentes costumes sexuais e fazê-lo com razoável precisão e objetividade sobre a quantidade de pornografia considerada por um grupo de pessoas de uma região e de outro. O que foi exaustivamente analisado e comparado durante o período de investigação etnológica. Destarte, o que é sensual numa região pode ser totalmente pornográfico noutra.
Todas as pessoas deveriam compreender que existe um sentido comum e universal para alguns termos que têm conotação específica e clara, tais como – pudicícia, censura, disciplina, elegância, repressão, moderação, provocação, respeito, promiscuidade, imoralidade, desonra, liberalismo, orgia, e muitos outros termos que não estão imediatamente associado a religiosidade. É claro, que existem diferentes concepções e valores que distinguem um grupo de pessoas do outro. Entretanto, certamente alguns costumes adotados recentemente por comunidades e grupos de pessoas "modernas" provocam espanto em outros considerados conservadores, ou melhor dizendo – educados e civilizados. O comportamento de muitas pessoas foi profundamente alterado com os "modelos artísticos".
As mudanças de comportamento avançam em algumas direções, mas não significa que as leis e cultura geral têm acompanhada pacificamente muitas delas. Exemplos típicos são as perversões sexuais, o uso de drogas psicofarmacas, etc. Lembre-se a expressa acima entre aspas e não levem o assunto para o caminho dos porcos, pois não se trata de generalização, simplesmente de uma consideração sobre várias modas lançadas que se tornam problemas sociais.
Isso levanta claramente um problema social. Pensando nesses termos temos de admitir que existem permissões para um grupo de pessoas que proibido a uma outra pessoa de outro grupo, e muitas vezes proibido para todas as outras. A legislação deveria, mas não é, ser mantida ao mínimo absoluto, protegendo os direitos dos bebês, menores e incapazes, mas não interferindo na conduta de "adultos conscientemente concordantes" (consenting adults). Grupos de pessoas demasiadamente unidas têm problemas para respeitar a individualidade de muitos de seus membros, que sofrem diferentes pressões e mesmo violências quando não estão de acordo com todas as normas que violam sua privacidade. Evidentemente, que os costumes que ferem os direitos inalienáveis do homem não podem ser defendidos e ignorados.
Grupos e associações de pessoas têm de regulamentos por escrito quando são civilizados e realmente sabem exercer suas cidadanias. Todos nós sabemos que o Brasil é um país infelizmente defasado na área de educação e cultura. Entretanto, tem sido muito difundido, por grupos de defensores dos direitos humanos, em palestras, cursos, cartilhas, etc., tudo sobre os direitos dos cidadãos. Logo, espera-se que comunidades inteiras estejam se adequando aos novos conceitos de associação, cidadania e direito.
Com toda propriedade pode-se afirmar que é muito importante que seja mencionado as mudanças que ocorrem quando as atitudes reprováveis socialmente se transformam em sérias dificuldades para esses grupos às margens da norma ou legalidade. Ninguém, naturalmente hoje puniriam um homem ou mulher por manterem relações sexuais antes do casamento ou mesmo de conviverem maritalmente sem a celebração de um casamento oficial. Contudo, e é certo, as pessoas correm riscos sérios de prisão se desrespeitarem as regras vigentes contra a pederastia, pedofilia, prostituição, tráfego de drogas e diferentes criminalidades. Existem forças psicológicas advindas de excessivo estímulo de ambiental que alteram as pessoas menos preparadas, entretanto, ainda assim podem ser punidas se se permitirem levar pelos seus impulsos e perversões. O mesmo acontece com pessoas que não se adaptaram às costumes de uma região e insistem em manter hábitos que para seus vizinhos são absolutamente repugnantes. Dificilmente um evangélico, ou um católico tradicional, ou judeus ortodoxo, mulçumano e outros, conviveriam tranqüilamente diante de costumes para eles abomináveis do que eles consideram "prostituição religiosa", ou atos depravados demoníacos. Ainda não é tradição geral, nas regiões tradicionais do interior e outros setores dos grandes centros que as pessoas possam aplaudir o homossexualismo. Evidentemente que a opção sexual é uma decisão íntima. À parte os pontos de vista científico a respeito, ou mesmo constitucionais, e sim o que a cultura ainda mantém como correto.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

NOIVAS DO CORDEIRO; a comunicação estratégica


Combater as fofocas era o assunto em questão. A estratégia adotada foi fazer com que mais pessoas soubesse sobre a comunidade numa versão apropriada e respeitosa. Foram feitas inúmeras palestras e oficinas para divulgação das novas medidas. Para o público em geral seria necessário algo mais contundente, especialmente para proteger os interesses e sentimentos dos moradores ofendidos. Distinguindo claramente as partes e seus objetivos bastante diferenciados. Havia um risco a correr e era preciso não temer a nova situação – transformar a questão em pauta para matéria jornalística. Mas e depois? Evidentemente, as matérias jornalísticas serviriam aos propósitos iniciais.
Entretanto, sabe-se que a comunicação de massa é difusão generalizada de formas simbólicas, mediante a fixação e transmissão de informações que atingem o público de forma impressionante, pois é envolvente. Sabemos que ela traz no seu cerne, mecanismos de mercado que ao entrar na lógica de seu funcionamento mercantilizam as formas simbólicas (sofrimento, penúria, tragédia, beleza, exuberância, extravagâncias, perversões e promiscuidade, exotismo, preconceito, rejeição, etc.). Existe um poder incrível de invadir o espaço privado das pessoas e vender novos significados e valores para preencher lacunas e cumprir a pauta do dia. Para os editores e especialistas em comunicação, o importante é impulsionar a demanda, aumentar o consumo. Não é casualidade todo o bombardeio de informações repetidas e inócuas que reproduzem espetáculos e bizarrices. Um perigo se os profissionais não forem cuidadosos em suas observações.
Todas as parafernálias e ferramentas podem estar a serviço da alienação e mórbida curiosidade. Muitas pessoas são realmente incapazes de discernimento em assuntos complexos. Mas o prazer estético segue os princípios ocultos que regulam fatores decisivos nas relações sociais. A maioria de nós é cativada por estranhas e exóticas imagens acompanhadas de voz em off, falando de nada, em tom poético, mas não esclarecendo coisa alguma. Muitos produtores lançam mão de recursos incríveis para seduzir as massas, com evidências de malandrice.
Na era da informação e comunicação de massa deve-se estar atento com o que se ouve por aí, evitando a fé ingênua em tudo que parece verdadeiro. Certamente é necessário a reconstituição da origem dos fatos, numa espécie de inquérito. Se algo não aparece na cena pública, pode ser ignorado por algumas pessoas, mas o investigador sério e competente continua atento aos detalhes. Todo profissional historiador sabe a distinção entre história e história das mentalidades, e certamente distingue bem a lenda e o mito da fofoca.
O procedimento científico, certamente desagrada muitas pessoas, pela sua busca incansável da verdade. Os estudiosos sabem que homens e mulheres são sempre seres biológicos e culturais. Portanto, ser ou estar no mundo é, fundamentalmente, ser ou estar na cultura. Os indivíduos, entendidos como unidades do organismo social, realizam diversas ações sociais, muitas de cooperação, outras de divergência ou de destruição da estrutura. Entretanto, existem conseqüências e resultados os mais diversos. É muito importante que os profissionais noticiem os assuntos sérios com responsabilidade de esclarecimentos e apresentação numa seqüência lógica dos acontecimentos.
Tudo que foi dito até é uma resposta as diversas indagações, através de raciocínios e comentários ou relatos, além reflexões. Trata-se de um tema rico, que apresenta sempre e mais novidades, pois a vida comunitária é dinâmica. O que está evidentemente demonstrado é que uma reportagem é superficial e mesmo os melhores trabalhos jornalísticos são inteiramente diferentes dos detalhamentos realizados por pesquisadores científicos. Muito embora não sejam essas postagens material científico, e nem mesmo esforçam-se os profissionais para adotar a linguagem corriqueira, ainda que haja defeitos, ao menos é um esforço de manter o padrão. Não se trata realmente de uma tese, e portanto as normas não estão sendo consideradas, em relação aos regulamentos de praxe, nos textos científicos ou jornalísticos. São basicamente respostas não diretas aos que enviaram diferentes perguntas através de emails, e mesmo outros que fizeram perguntas e apresentaram idéias diferentes sobretudo não concordando com várias das sugestões e considerações.
Futuramente estaremos sendo analisadas as diferentes reportagens e as postagens serão sobre esses artigos. Sendo que a maior parte do que pode ser discutido está na forma de postagens, scrapings, e mensagens. Quase sempre com surpreendentes apelos e expressões oriundas de pessoas abismadas.
Sob o ponto de vista antropológico existe uma inteira preocupação com o que ainda existe no povoado que não foi totalmente devastado e modificado pela avalanche de pessoas, algumas certamente bondosas e outras infelizmente com curiosidade mórbida e malevolências.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

NOIVAS DO CORDEIRO: Cronologia dos Fatos...





à esq. pesquisa de campo, e à direita o dia que reporter entrevistou monitora de antropologia de Noiva do Cordeiro e na foto maior, em oficina de sob Filosofia do Turismo, ministrada pelos profissionais do

Purbasiun Vitae Project - Intelectual Ecology





As ciências sociais oferecem importantes serviços de melhoria na qualidade vida. Os estudos antropológicos não são matéria simples que alguém poderá fazê-lo após noções básicas de antropologia. Durante longos anos o cientista é primeiro acadêmico e passa por processos e exigências de testes; monografia, leitura, palestras, oficinas, trabalho de campo. Durante o período acadêmico estuda para formar-se em Sociologia, Antropologia e Ciências Políticas. É análogo ao curso de medicina que forma o Clínico Geral e depois vem a especialização em cardiologia, neurologia, etc. Particularmente, em Belo Vale, no lugarejo denominado por – Noiva do Cordeiro (antiga Roças Novas de Cima), os estudos científicos no local envolveram Antropologia da Comunicação.

Trata-se de uma busca intensiva de respostas aos muitos porquês. Foram realizados estudos ergológicos e etnologia. Refere-se a um tipo particular de pesquisa social, envolvendo censo demográfico, com objetivos adicionais, além da pesquisa quantitativa sobre a população de Noiva do Cordeiro, com exames simultâneos de muitas diferentes variáveis. Destacam-se os Estudos Sóciométricos na coleta de dados sobre os indivíduos dessa amostragem, com o intuito de descrever e explicar essa população em suas inter-relações, incluindo os vários possíveis fatores que governam a formação de suas amizades e inimizades. São procedimentos cuidadosos e detalhados na amostragem. Parte relevante da pesquisa envolve estimativas dos parâmetros.
Após as muitas e diferentes conversações, incluindo palestras, cursos, oficinas e observação-participante, foram todos convocados em suas vontades na busca de um objetivo comum e tomadas de decisões, em conformidade com as prioridades. Veio então o processo de Mobilização Social, para alcançar o objetivo pré-definido, certamente ligado ao útil e orientado para um projeto de futuro. Foram dados os primeiros passos nessa ordem de convivência, para administrar o bem comum. De modo sistemático foram organizadas as palestras com os temas seguintes:
1. Convivência Social; a imagem pública e o comportamento
2. Comunicação Social; as bases de auto-afirmação pessoal e o ambiente de respeito
3. Relações Públicas; aprender a interagir com base no personagem que adotamos publicamente
4. Autonomia; uma discussão sobre o Coletivo e o Indivídual
5. Cooperativismo e Associativismo; bases e princípios econômicos de administração (Kibbutzim Israelense como referência, analogia e discussão)
6. Segurança e Saúde; fundamentos da sobrevivência para a evolução sócio-cultural.
Através da convivência que em antropologia denomina-se observação-participante pode-se notar as necessidades e anseios diversos o que complementou de maneira dinâmica e intensa os estudos.
Mediante planejamento, chegou-se ao imaginário convocante, que era a síntese válida de tudo que mais importava para os moradores de Noiva do Cordeiro. Veio então a seqüência de ações que simultaneamente poderiam responder aos desafios que a história havia posto na vida deles.
Um grupo de pessoas da comunidade foi selecionado para novos estudos, e dentre eles alguns para atividades distintas que se completavam, tais como:


  • Pesquisa de Campo; história comunitária, estatística
  • Produção; artesanato com base em Tecnologia do Bambu e Cerâmica, com os princípios básicos da Ecologia Intelectual
  • Comunicação; fotografia, imagem pública, palestras, entrevistas, etc.