segunda-feira, 7 de junho de 2010

NOIVAS DO CORDEIRO; um sucesso na televisão...



Com base nos conhecimentos atuais adquiridos através do convívio intenso, com objetivos científicos de etnografia, ainda persistem graves dúvidas sobre um passado histórico desse grupo comunitário. É evidente que a representação social que mantêm faz-nos supor que ocorreram grandes melhoras no comportamento tanto dos moradores de Noiva do Cordeiro quanto dos seus vizinhos; isso é mais importante, muito embora haja uma necessidade da verdade histórica, difícil de ser conhecida. Certamente, um estudo profundo sobre os prováveis comportamentos e permitem-nos deduções lógicas a partir das características ricamente conhecidas sobre o grupo de pessoas da região. Todos sabem que o cotidiano rural em Belo Vale é monótono e tranqüilo. Certamente, os grupos de jovens provenientes de famílias tradicionais têm uma bagagem cultural distinta de outros grupos urbanos e “estranhos”. Noiva do Cordeiro é um grupo de pessoas que provocou e tem provocado estranhamento. Seria essa uma das raízes problemáticas entre eles.
Presumivelmente e devido a uma nova percepção dos fatos, pode-se analisar o fenômeno de maneira distinta das muitas opiniões que surgiram, enquanto que muitos dos equívocos e admiração por parte do público ingênuo foram fundamentados apenas pelas “Lindas Reportagens” ou visitas superficiais, diante de um cenário óbvio, comum a todos os locais que inicialmente nos recebem. Reconhece-se de antemão que o saber sobre os fatos que nos guiam, são eles mesmos incoerentes, só parcialmente claro, contraditório e vários aspectos. Igualmente, existe uma boa vontade de esclarecimento, especialmente lembrando os dois anos intensos de estudos etnológicos e mobilização social dentro da vila de Noiva do Cordeiro. A visão hiperbólica sobre essa comunidade e seu cotidiano histórico está seriamente comprometida, devido a essa falsificação jornalística contrária à realidade dos fatos. Quanto a isso, nenhum estudioso científico negaria a necessidade de estudos complexos e intensos sobre os fatos alegados e que favorecem o engodo, de maneira injusta e imoral, por não obedecer aos critérios apropriados sobre a questão – o contraditório. É importante manter o respeito à memória e honra das pessoas e lembrar que túmulos e lembranças não são e nem podem ser transferidos de um lugar a outro, facilmente, como ocorre com objetos, etc. As pessoas precisam ser ouvidas, mesmo que não sejam favoráveis às interpretações simpáticas sobre um sofrimento alegado e uma condição de vítima.
Nada prova que a recente modificação das características positivas, muito estimulada pelos sentimentos despertados com a intensa tietagem da imprensa, seja duradoura. Certamente, um profissional atuando dentro da comunidade deveria sempre ser ouvido, em conformidade com sua especialização, além do compromisso com o grupo. Justamente, com excessões, por não ouviram os estudos científicos que realizaram estudos e mobilização comunitária, ocorreram reportagens a esmo dos fatos reais, suprimindo os detalhes relevantes. Sairam rapidamente do anonimato e invisibilidade para os "Quinze minutos de fama", algo excessiva, com aumento demasiado da auto-estima dos moradores. Há, portanto, hoje um desequilíbrio nas relações sociais. É óbvio que após as transformações tornou possíveis novas e melhores interpretações do comportamento, para o estudioso antropológico, facilitando as condições de elaboração teóricas sobre o passado recente, longe dos olhos esclarecidos.
O volume crescente de fatos negativos envolvendo moradores de Noiva do Cordeiro tem ocorrido. Numa região de baixa densidade demográfica, longas distâncias entre um povoado e outro e um escasso policiamento, é motivo de preocupação para as autoridades e os grupos de cidadãos organizados. Discute-se sobre questões de segurança e desenvolvimento cultural. Naturalmente se os jovens moradores se tornam agressivos e violentos, e dirigem em alta velocidade pelas estradas precárias da zona rural, passam a ser alvo de discussões comunitárias. Por outro lado se procuram freqüentar festas religiosas que eles não admiram, envolvendo-se em brigas e provocam um furor e preocupação, nos povoados vizinhos.
A equipe do Purbasiun Vitae Project – Intelectual Ecology constata que, de algum modo, ficaram psicologicamentecomprometidas. Estão com a auto-estima acima do senso de auto-crítica, pois, foram, equivocadamente, transformados em “ícones da felicidade e modelos” pelas reportagens. É um fato para ser analisado pela Secretaria de Cultura e Turismo na cidade de Belo Vale que têm um dos mais ricos patrimônios arqueológicos, históricos e naturais da região, com uma antiguidade impressionante.
É necessário ocorrer reflexões sobre as possibilidades promissoras e aproveitamento inteligente do Marketing poderoso da imprensa. Não se pode negar que fez atrair para a região grande número de visitantes, de maneira indiscriminada. Um fato preocupante enquanto na região não houver uma Gestão Pública, com apropriada Filosofia do Turismo. Não há sinais de que estejam implementando quaisquer Tecnologias Sociais, a este respeito. Por outro lado, dentro dessas discussões será preciso lembrar que o verdadeiro “leitmotiv” do pensamento coletivo de uma comunidade composta por maioria jovem é diferente se eles exercem influência excessiva; se não receberam uma educação arrojada sobre comportamento, com certeza a noção de respeito, prudência e responsabilidade estará comprometida, fazendo com que estejam muito mais dedicados ao simples deleite do cotidiano divertido, ensejado numa atmosfera favorável ao cortejo irreverente e as mais bizarras cogitações amorosas excitantes.
Várias pesquisas antropológicas de inspiração estruturalista circunscrevem melhor o problema, para além das simples cogitações populares. Pesquisa etnológica é humanamente falha, porém mais apropriada do que quaisquer observações superficiais, comum ao meio não-especializado. Sim, podemos nos referir para exemplificar, utilizando os antigos acontecimentos registrados pelos estudos arqueológicos do Paleolítico Inferior, quando o progresso ainda era muito lento, mas, começaram a desenvolver um conjunto extra-somático de ferramentas. Depois disso, eles passaram a depender cada vez mais de equipamento não-genético, e na medida em que se desenvolviam, tornou-se possível, cada vez mais, a atuação da – Lei da Crescente Dependência da Cultura. É óbvio que essa crescente dependência da cultura não irá até o ponto de eliminar a influência da biologia humana. Hoje, portanto, o uso competente e irresponsável do Poder Midiático põe em risco alguns dos mais importantes valores da cultura regional – a defesa da virtude. Com o moderno aperfeiçoamento dos meios de comunicação espalham-se notícias através de todo o mundo.
Reiterada vezes nos referimos às matérias jornalísticas sensacionalistas sobre Noiva do Cordeiro, não por algo dessas matérias que apresentem algum acontecimento aberrante e terrível. Claro que ainda não nos detivemos pormenorizadamente a estudar todas essas matérias, mas sim o comportamento modificado dos belo-valenses e circunvizinhanças. São de fato – sensacionalistas – pelas referências notórias à uma condição inverídica de vítima de preconceito e discriminação. É uma condição diferente e que os distingue por serem “autênticos revolucionários” que romperam com a norma e praticaram vilipêndio contra o sagrado. Por esse motivo além de outros se tornaram alvos de mórbida curiosidade, intensas especulações, motivadas por suas próprias atitudes; seja nas rápidas mudanças comportamentais, quebras de tabus, indumentárias provocantes com apelos sexuais, festividades exóticas, transformação da igreja num bar, desfiles de lingeries (alguns transparentes) por garotas adolescentes dentro de um botequim (o mesmo que antes era uma igreja), posicionamentos políticos partidários extravagantes, e diferentes condutas que suscitam idéias infelizes. Ora, pois, neste sentido os apelos sensacionalistas existem na criação artística de reportagens de conteúdo ficcionais, com edições impecáveis que transmitem idéias falsas sobre uma região e uma época absolutamente irreais.
O leitor sensível e inteligente sabe que é necessário um discernimento crítico e todos sabemos que falar sobre polêmicas religiosas nunca foi um problema fácil. No entanto, é necessário analisar todas essas questões religiosas e evita-lo seria como se fosse impossível chegar-se ao consenso sobre o assunto. Uma boa matéria jornalística deve detalhar pontos que são relevantes, mesmo sem a precisão e profundidade de uma pesquisa etnológica. Contudo, ao fazê-lo, o jornalista exerceria melhor sua profissão, se se enquadrasse dentro dos parâmetros éticos da própria profissão, além de evitar a difusão de chateações às pessoas que presenciaram os fatos, ou foram vitimas deles. Talvez esteja também ai a importante questão da identidade pessoal e profissional, com uma total entrega a uma “aceitação obediente, de pouco conteúdo e criatividade”, diante do poder um patrocinador. Deveriam ao menos ter cuidado com matéria sensacional, se está incompleta, com sinais de contradição e mentira irreverente. Voltamo-nos ao leitor sensível e inteligente e propomos a ele que reflita sobre as questões que suscitam, quando a intriga prevalece acima dos fatos. Como é que ficam as descobertas e avanços de Tecnologia Social dos últimos tempos? Como podemos colaborar para melhorar as relações e evitar injustiças contras as pessoas do tipo – aquela pessoa é feia e suspeita; a carne de negros albinos é boa para dar sorte; brasileiros são malandros e preguiçosos e suas mulheres são fáceis?

4 comentários:

  1. Em outras palavras...o que vocês querem dizer é que as reportagens são mentirosas?
    Pelo que está postado e durante essa última semana, lí, cuidadosamente, todos eles e notei que as palavras são deliciosamente descritivas e muitas vezes herméticas. Certamente o "convívio intenso", conforme fazem-nos entender...é muito diferente do que vemos quando visitamos a passeio. Mas alguma vez ficou a impressão de que em Noiva do Cordeiro possivelmente ocorreu prostituição?
    Por que vocês não espalham notas aos jornais e vão à televisão prestar melhores informações a respeito? Acredito que nem todos os jornalistas preferem o - sensacionalismo.
    Visitei Noiva do Cordeiro por quatro vezes, em diferentes momentos e dias. A recepção foi de uma gentileza exemplar. Isso seria falsidade?
    No mais os meus parabéns pelos esforços de vocês.
    William Sérgio de Oliveira (jornalista, Paraná)

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  2. As reportagens são, repetidas vezes e em diferentes canais, mesmices. Elas passam idéias que não condizem com os preceitos jornalísticos de apresentar tanto quem é favorável quanto os opositores de Noiva do Cordeiro.
    Quanto ao estilo de redigir não somos realmente perfeitos, mas nos esforçamos em esclarecer, se passa a idéia de estar fechado, introverso, ou quaisquer outras idéias desfavoráveis ao esclarecimento, não foi intencional.
    Prostituição existe em diferentes modalidades e é difícil provar quando ocorre de forma discreta. Se em Noiva do Cordeiro ocorreu ou ocorre prostituição não foi com esse objetivo que realizamos investigação científica no local. Naturalmente não garantimos que os vizinhos estejam certos ou errados; tudo é possível, inclusive que os vizinhos estejam certos ou não. Mas, o que foi comprovado e é inegável, as postagens atestam.Quanto à recepção dos Moradores de Noiva do Cordeiro é nota dez, mas não se trata de uma recepção e sim de reportagens e todo um processo histórico que não se pode negar, existe uma lógica.
    Sim, Noiva do Cordeiro não é o que aparece nas reportagens. Do mesmo modo as reportagens não estão esclarecendo sobre os acontecimentos, passa a idéia de que as pessoas podem fazer tudo que sentem vontade e os outros têm de olhar e nunca reagir. As pessoas são diferentes e alguns têm muito pudor, outras não.

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  3. Infelizmente as reportagens não contam com o aporte teórico e empírico que vocês possuem. Vocês da equipe,têm estudado profundamente o comportamento desta comunidade. Também a finalidade é diferente, a finalidade do Projeto é estudar e produzir conhecimento, junto a comunidade, já a mídia quer produzir matérias que seu público possa gostar... sem se preocupar muito com a responsabilidade social para com a comunidade de Noiva. Franciely

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  4. Concordamos contigo Franciely, somente parcialmente, mas todos devemos combater ostensivamente a atitude arrogante das corporações jornalísticas que apenas especulam e utilizam-se de divulgações unilaterais de assuntos sérios, quanto perigosos, apenas para aumentar a audiência, ao invés de informar. Esse grave defeito produz e aumenta a alienação das pessoas. É cruel e daninho perpertuar tradições autoritárias, apenas pelos interesses capitalistas da notícia. As matérias jornalistas de conotação sexista, dissimuladas de divulgações turísticas ou documentários, contribuem para aumentar a violência. Os cidadãos honestos e inteligentes devem realmente combater e desafiar essa ordem, para que realmente possamos assistir a programações jornalisticas menos afetadas por tais perversidades intelectuais.Todos os profissionais deveriam fazer uma corrente de Responsabilidade Social, mas ainda é utópico, nem por isso devemos desistir.
    Equipe do Purbasiun Vitae Project - Intelectual Ecology.

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